O universo dos smartphones recebeu a mais recente geração de flagships, e a Xiaomi, mais uma vez, marca a sua posição com a série Xiaomi 15. Sucedendo ao bem-sucedido Xiaomi 14, o modelo base, Xiaomi 15, que agora temos em mãos, afirma-se como uma proposta focada no segmento de topos de gama compactos, um nicho cada vez mais procurado por utilizadores que desejam potência sem sacrificar a ergonomia. Lançado inicialmente na China em outubro de 2024, este dispositivo chegou agora ao mercado global, e pudemos finalmente testá-lo.
As nossas primeiras impressões confirmam o que as especificações prometiam. O Xiaomi 15 é um dos primeiros a ostentar o novíssimo e potente chipset Qualcomm Snapdragon 8 Elite, proporcionando um salto notável em performance e eficiência que sentimos no uso diário. A colaboração com a Leica mantém-se, e o sistema de câmaras triplas de 50MP demonstra um refinamento na experiência fotográfica. O ecrã LTPO AMOLED de alta resolução e brilho elevado, envolvido por molduras ultra-finas, oferece uma experiência visual verdadeiramente imersiva, enquanto a bateria de capacidade generosa e o carregamento rápido se traduzem numa autonomia robusta nos nossos testes. Este conjunto de características posiciona-o como um concorrente direto a outros pesos pesados compactos, como o Samsung Galaxy S25.
> Design e Construção
Ao pegar no Xiaomi 15, notamos que a Xiaomi adotou uma filosofia de design evolutiva, mantendo a essência do seu antecessor, mas refinando detalhes cruciais. A marca descreve-o como um "all-around fluid design”, e isso sente-se no quadro em alumínio micro-curvo que não só confere uma estética agradável, mas também melhora a sensação de manuseamento e a durabilidade geral do aparelho. Este quadro, construído com uma liga de alumínio de alta resistência (6M42, como no Ultra), transmite uma maior rigidez contra dobras e quedas. Esta abordagem contrasta com o design tendencialmente mais retilíneo e "boxy" de alguns concorrentes diretos.
No que toca a materiais, temos a combinação de metal no quadro e vidro na traseira, com uma textura que proporciona um acabamento suave ao toque. Existem também opções com acabamento em "pele vegana" (eco leather), seguindo a tendência de modelos anteriores.
As dimensões gerais (152.3mm x 71.2mm x 8.08mm/8.48mm) e o peso (191g/192g) confirmam a aposta da Xiaomi num formato relativamente compacto para um topo de gama. A largura de apenas 71.2mm é particularmente notável, facilitando a utilização com uma só mão e reforçando o seu posicionamento como uma alternativa ergonómica num mercado dominado por dispositivos maiores. Esta característica coloca-o em competição direta com o Galaxy S25 base e o iPhone 16 Pro para utilizadores que priorizam o conforto no manuseamento.
Para o mercado global, as cores disponíveis são o Preto, Branco e Verde e Liquid Silver.
A resistência a elementos externos é assegurada pela certificação IP68, garantindo proteção contra poeira e imersão em água, algo que nos dá tranquilidade no uso diário. A proteção do ecrã fica a cargo do Xiaomi Shield Glass, que se mostrou resistente a riscos durante o nosso período de teste, embora não seja a versão 2.0 encontrada no modelo Ultra.
Outros detalhes construtivos incluem a disposição familiar dos botões de volume e energia no lado direito, a porta USB-C na base, as grelhas para os altifalantes estéreo e o emissor de infravermelhos (IR Blaster) no topo. No geral, o design do Xiaomi 15 revela-se uma evolução ponderada, focada em refinar a ergonomia e maximizar a área de ecrã num corpo que permanece agradavelmente compacto e premium ao toque.
> Ecrã: Imersão Compacta
O painel frontal do Xiaomi 15 é, sem dúvida, um dos seus grandes trunfos. Temos aqui um ecrã plano de 6.36 polegadas, utilizando tecnologia CrystalRes AMOLED LTPO OLED. A resolução "1.5K", correspondendo a 2670 x 1200 pixels, resulta numa densidade de pixéis elevada de 460 ppi, garantindo imagens nítidas e detalhadas que saltam à vista.
A tecnologia LTPO (Low-Temperature Polycrystalline Oxide) permite uma taxa de atualização dinâmica que varia entre 1Hz e 120Hz. Na prática, o ecrã ajusta a sua frequência de forma inteligente consoante o conteúdo exibido – mais baixa para imagens estáticas, poupando energia, e mais alta para garantir fluidez exemplar em scroll ou jogos. Esta capacidade, combinada com a eficiência do novo processador e a bateria de grande capacidade, contribui visivelmente para a excelente autonomia que experienciámos.
O brilho é outro ponto de destaque. A Xiaomi anuncia um pico impressionante de 3200 nits, valor que se aplica a pequenas áreas do ecrã durante a reprodução de conteúdo HDR. O brilho em modo de alto brilho (HBM) é referido como 1400 nits. Nos nossos testes, o brilho máximo em modo automático atingiu cerca de 1500 nits, um valor excelente que garante ótima visibilidade no exterior, mesmo sob luz solar direta, embora fique ligeiramente aquém dos picos de alguns concorrentes diretos.
A reprodução de cor é rica e precisa, com suporte para 68 mil milhões de cores (profundidade de 12-bit), cobertura da gama de cores DCI-P3 e compatibilidade com os principais formatos HDR: HDR10, HDR10+ e Dolby Vision. Para conforto visual, o ecrã inclui tecnologias como DC Dimming e PWM dimming de alta frequência (1920 Hz) para reduzir a cintilação, complementadas por certificações TÜV Rheinland para baixa emissão de luz azul, ausência de cintilação e compatibilidade com o ritmo circadiano. A tecnologia "Wet touch” mostrou-se útil, melhorando a resposta ao toque com dedos molhados.
Um dos aspetos mais visíveis da evolução é a redução drástica das molduras. Graças à tecnologia de packaging LIPO (Low-pressure Injection Molding Overmolding), a Xiaomi conseguiu reduzir as margens em redor do ecrã, atingindo uns impressionantes 1.38mm de espessura uniforme nos quatro lados. Esta tecnologia permitiu uma redução de até 20% na moldura inferior, contribuindo significativamente para a imersão visual que sentimos ao usar o dispositivo.
Integrado no ecrã, encontramos um sensor de impressão digital ultrassónico. Esta tecnologia oferece vantagens sobre os sensores óticos mais comuns, mostrando-se mais segura e com melhor desempenho em condições adversas, como com dedos molhados ou sujos, durante os nossos testes.
> Desempenho: A Força do Snapdragon 8 Elite
O coração do Xiaomi 15 é, sem dúvida, o mais recente e poderoso chipset da Qualcomm para o segmento de topo: o Snapdragon 8 Elite (Gen 4), também conhecido pelo nome de código SM8750-AB. Este SoC representa um salto geracional significativo, sendo fabricado no avançado processo de 3 nanómetros da TSMC, o que se traduz em melhorias substanciais tanto em performance bruta como em eficiência energética, algo que notámos na fluidez geral e na autonomia.
A arquitetura do CPU abandona os núcleos Kryo anteriores em favor da nova arquitetura Oryon, desenvolvida internamente pela Qualcomm. A configuração é octa-core, composta por dois núcleos "Phoenix L" de elevado desempenho capazes de atingir uns impressionantes 4.32 GHz, e seis núcleos "Phoenix M" focados na eficiência, operando até 3.53 GHz. Esta é a versão standard do chip; existe uma variante "for Galaxy" com um clock ligeiramente superior (4.47 GHz), mas a diferença no uso real é marginal.
O desempenho gráfico fica a cargo da nova GPU Adreno 830. Os ganhos na ordem dos 40% em performance e eficiência face à geração anterior são notórios, e o suporte nativo para Ray Tracing acelerado por hardware proporciona efeitos de iluminação e reflexos mais realistas nos jogos compatíveis que testámos. A componente de inteligência artificial também foi reforçada com um NPU (Neural Processing Unit) Hexagon mais potente e eficiente.
Para acompanhar este poder de processamento, o Xiaomi 15 vem equipado com memória RAM LPDDR5X (a 8533 Mbps na nossa unidade) e armazenamento UFS 4.0. As configurações disponíveis no mercado global são 12GB de RAM com 256GB ou 512GB de armazenamento. É relevante notar que a versão global não inclui as opções de 16GB de RAM e 1TB de armazenamento disponíveis na China. Embora 12GB/512GB seja amplo para a maioria, esta limitação pode ser um ponto negativo para os utilizadores mais exigentes. O armazenamento não é expansível via cartão de memória.
Em termos de performance, os benchmarks do Snapdragon 8 Elite são avassaladores, com scores AnTuTu a ultrapassar os 2.7 milhões e resultados Geekbench 6 a rondar os 2800-3200 pontos em single-core e 8800-10000 em multi-core. Isto representa um salto considerável face ao Snapdragon 8 Gen 3. No uso diário e em multitasking, a combinação do CPU Oryon, RAM rápida e armazenamento UFS 4.0 traduz-se numa fluidez exemplar, auxiliada pela gestão de memória do HyperOS 2.0.
Para os entusiastas de jogos, a Adreno 830 proporciona uma experiência de topo, lidando com os títulos mais exigentes nas definições máximas. Funcionalidades como Ray Tracing, Snapdragon Game Super Resolution 2.0 e Adreno Frame Motion Engine 2.0 elevam a qualidade visual e a fluidez.
No entanto, a dissipação de calor é sempre um desafio em dispositivos compactos e potentes. O Xiaomi 15 inclui um sistema de arrefecimento dedicado, denominado Xiaomi IceLoop Wing-Type System ou Loop Liquid Cooling System. A sua eficácia é crucial para manter a performance elevada. Nos nossos testes de stress (a partir do Wild Life Extreme), observámos uma estabilidade razoável, superior a muitos flagships, mas ainda assim com algum throttling e aquecimento percetível durante uso muito intenso e prolongado.
O gráfico em seguida mostra a perda de desempenho no sistema com o uso mais prolongado:
A performance de pico é inegavelmente de topo, mas a performance sustentada em tarefas muito exigentes, como sessões intensas de jogo, pode ser limitada pelo aquecimento inerente ao formato compacto, apesar dos esforços de refrigeração.
> Câmaras Leica: Aposta Renovada
A fotografia continua a ser um pilar fundamental da estratégia da Xiaomi, e o Xiaomi 15 não é exceção. A parceria com a reputada marca alemã Leica mantém-se, o que se traduz na utilização de lentes Leica Summilux e numa afinação específica do processamento de imagem, oferecendo os já conhecidos estilos Leica Authentic (mais natural) e Leica Vibrant (cores mais saturadas), que apreciamos pela flexibilidade que oferecem.
O sistema traseiro é composto por um trio de sensores de 50 megapixels, uma configuração que, embora numericamente similar à do Xiaomi 14, beneficia das melhorias introduzidas pelo novo processador e software.
A câmara principal utiliza um sensor de 50MP Light Fusion 900 , com um tamanho considerável de 1/1.31". A lente associada tem uma abertura ampla de f/1.62, uma distância focal equivalente a 23mm e é composta por 7 elementos (7P). Crucialmente, inclui Estabilização Ótica de Imagem (OIS) e focagem automática por deteção de fase (PDAF), que se mostraram eficazes na captura de fotos nítidas, mesmo em movimento. O tamanho de píxel é de 1.2µm, que pode ser combinado (pixel binning) para formar super píxeis de 2.4µm, melhorando visivelmente a captação de luz em ambientes escuros.
A câmara ultra-grande angular (Ultrawide) também possui um sensor de 50MP. A lente tem uma abertura de f/2.2, uma distância focal equivalente a 14mm e oferece um campo de visão de 115°. Confirmamos que esta lente não possui autofocus, contando apenas com estabilização eletrónica (EIS). A ausência de AF é uma limitação notável face a muitos concorrentes, restringindo a sua versatilidade para fotos macro com esta lente.
Completa o trio uma câmara telefoto, novamente com um sensor de 50MP. A lente oferece uma abertura de f/2.0 e uma distância focal equivalente a 60mm, o que se traduz num zoom ótico de aproximadamente 2.6x. Esta câmara telefoto beneficia de OIS e PDAF, e destaca-se pela capacidade de realizar fotografia macro a uma distância mínima de 10cm, compensando parcialmente a ausência de AF na ultrawide e permitindo capturas detalhadas de objetos próximos.
Na frente, encontramos uma câmara de 32MP com abertura f/2.0, distância focal de 21mm e um campo de visão de 90°. Suporta funcionalidades como HDR, modo retrato e controlo por gestos ou voz, produzindo selfies de boa qualidade.
O processamento de imagem é potenciado pela nova plataforma computacional Xiaomi AISP 2.0 (AI Image Signal Processor) e pelo ISP (Image Signal Processor) integrado no Snapdragon 8 Elite, o Spectra AI ISP. Esta combinação, juntamente com a NPU, melhora a qualidade de imagem final, otimizando a redução de ruído, a gama dinâmica, a precisão das cores e o desempenho em condições de iluminação desafiantes. Dado que o hardware das câmaras secundárias não representa um salto revolucionário face ao Xiaomi 14, as melhorias na qualidade fotográfica que observámos dependem fortemente destas capacidades de processamento e da afinação de software da Leica.
No departamento de vídeo, o Xiaomi 15 grava até 8K a 30fps e 4K até 120fps, com a câmara frontal também a suportar 4K. Funcionalidades como gravação em HDR (Dolby Vision 10-bit) e estabilização eletrónica (gyro-EIS) estão presentes e funcionam bem.
Em suma, o sistema de câmaras do Xiaomi 15 é uma evolução focada no software e na otimização proporcionada pelo novo chipset. O sensor principal é muito capaz, e a presença de uma telefoto dedicada com OIS e capacidade macro é um ponto forte no segmento compacto. A qualidade final, especialmente da ultrawide (sem AF) e em baixa luz, beneficia claramente da eficácia do processamento de imagem da Xiaomi e da Leica.
> Bateria e Carregamento
Um dos aspetos que mais nos impressionou no Xiaomi 15 é a sua bateria. A capacidade é generosa, especialmente considerando o formato compacto do dispositivo. Confirmamos que o modelo global vem equipado com uma bateria de 5240mAh, ligeiramente inferior aos 5400mAh da versão chinesa.
Independentemente da capacidade exata, utiliza tecnologia de bateria de alta densidade Si/C (Silicon-Carbon), que permite armazenar mais energia no mesmo volume físico. Esta combinação de grande capacidade, a eficiência energética do processador Snapdragon 8 Elite (3nm) e o ecrã LTPO resulta numa autonomia muito boa. Nos nossos testes, conseguimos facilmente um dia e meio de utilização moderada, chegando por vezes aos dois dias. Testes de streaming confirmam durações na ordem das 23.5 horas, e a própria Xiaomi refere até 25 horas de reprodução de vídeo.
No que diz respeito ao carregamento, o Xiaomi 15 mantém a aposta em velocidades elevadas. O carregamento com fios atinge os 90W, um valor confirmado pela certificação 3C. O carregamento sem fios também é rápido, atingindo os 50W. Adicionalmente, suporta carregamento sem fios reverso a 10W, útil para carregar auriculares.
A tecnologia por detrás destas velocidades é o protocolo proprietário Xiaomi HyperCharge, baseado no standard USB Power Delivery com Programmable Power Supply (PPS). Isto implica uma dependência de carregadores compatíveis da própria Xiaomi ou de marcas parceiras como a Cuktech para atingir a potência máxima de 90W. Com carregadores USB-PD de terceiros, mesmo que suportem potências elevadas, a velocidade de carregamento é limitada, rondando os 25W a 30W, ou um pouco mais com carregadores PPS específicos (alguns utilizadores reportam picos de ~38W com carregadores Samsung 45W PPS), mas longe dos 90W anunciados.
Este fator é particularmente relevante porque, à semelhança de outras marcas, o Xiaomi 15 não inclui um carregador na caixa na sua versão Europeia/Global. Isto significa que os utilizadores que pretendam usufruir da velocidade máxima de carregamento terão de adquirir um carregador compatível separadamente, representando um custo adicional.
> Software: HyperOS 2.0 com Android 15
O Xiaomi 15 chega com o software mais recente da marca, o HyperOS 2.0, que corre sobre a base do Android 15. Esta interface representa uma evolução face às versões anteriores, mantendo uma familiaridade visual, mas introduzindo refinamentos nas animações, que são agora mais fluidas e polidas, e otimizações internas focadas na performance e eficiência, como o sistema HyperCore para gestão de recursos.
As opções de personalização são vastas, permitindo ajustar o layout do ecrã inicial, aplicar temas, alterar ícones e customizar o ecrã de bloqueio, que agora suporta efeitos de profundidade não só para fotografias, mas também para vídeos. A interligação com outros dispositivos do ecossistema Xiaomi também foi aprimorada através do HyperConnect.
A Inteligência Artificial é uma aposta forte no HyperOS 2.0. Para além da integração com o Google Gemini e a funcionalidade Circle to Search, a Xiaomi implementa a sua própria suite de funcionalidades AI, convenientemente agrupada num menu dedicado nas Definições e denominada Xiaomi HyperAI. Esta suite inclui ferramentas como:
- Edição de Imagem AI: Remover objetos ou reflexos, expandir fundos, alterar o céu, criar vídeos curtos a partir de fotos.
- Assistente de Notas: Tradução, resumo de texto, formatação automática.
- Gravador AI: Transcrição automática com identificação de interlocutores e tradução.
- Legendas AI: Geração de legendas em tempo real para conteúdos multimédia.
- Intérprete AI: Tradução em tempo real para conversas presenciais ou chamadas.
- Outras: AI Search, AI Writing, AI App Boost para otimização de performance. É importante referir que muitas destas funcionalidades podem depender de processamento na nuvem, e a sua disponibilidade e funcionamento podem variar consoante a região.
Em termos de suporte de software, a Xiaomi promete uma política robusta para o Xiaomi 15: 4 anos de atualizações major do Android (até ao Android 19) e 6 anos de atualizações de segurança. Isto representa um compromisso significativamente melhor do que o oferecido pela marca em modelos de gamas inferiores e alinha-se com muitos concorrentes diretos, embora fique aquém dos 7 anos prometidos pela Samsung e Google. No entanto, a maior capacidade da bateria do Xiaomi 15 pode, na prática, conferir uma maior longevidade útil ao aparelho.
Apesar das melhorias, o software da Xiaomi continua a ser um ponto que gera opiniões divididas. O histórico da marca inclui a presença de aplicações pré-instaladas (bloatware) e sugestões ou anúncios integrados no sistema, embora geralmente possam ser desativados. Relatos de utilizadores mencionam bugs ocasionais, lag na interface (especialmente no centro de controlo), uma gestão de memória por vezes demasiado agressiva que encerra aplicações em segundo plano, e inconsistências no design ou funcionamento. Além disso, podem existir diferenças entre a ROM chinesa e a global, com esta última a ter potencialmente menos funcionalidades, e o processo de desbloqueio do bootloader tornou-se mais restritivo. Assim, o HyperOS 2.0 apresenta-se como uma faca de dois gumes: rico em funcionalidades, com animações fluidas e bom suporte, mas com potenciais inconvenientes que podem afetar a experiência do utilizador, especialmente quando comparado com a abordagem mais polida e consistente de interfaces como a One UI da Samsung.
> Conectividade e Outros
O Xiaomi 15 está preparado para o futuro da conectividade, incorporando os standards mais recentes. Suporta Dual SIM, com configurações flexíveis que incluem dois cartões nano SIM ou combinações com eSIM (nano+eSIM ou dual eSIM). A conectividade 5G é abrangente, cobrindo as arquiteturas SA e NSA e múltiplas bandas globais, com suporte para agregação de portadoras e 4x4 MIMO para boa performance.
No que toca a redes locais sem fios, o destaque vai para o suporte a Wi-Fi 7 (802.11be). Este novo standard oferece velocidades teóricas superiores, menor latência e funcionalidades avançadas como High-Band Simultaneous (HBS) Multi-Link, que permite usar múltiplas bandas de frequência em simultâneo para maior débito e estabilidade.
Igualmente relevante é a inclusão do Bluetooth 6.0, sendo o Xiaomi 15 um dos primeiros smartphones no mercado com esta versão. O Bluetooth 6.0 promete melhorias na precisão da localização (Channel Sounding), taxas de transferência de dados mais elevadas, maior estabilidade de ligação e um alcance alargado. O suporte a codecs de áudio de alta-definição é vasto, incluindo SBC, AAC, AptX, AptX HD, AptX Adaptive, LDAC, LHDC 5.0, ASHA, Auracast e LC3 , garantindo compatibilidade e qualidade com uma vasta gama de auscultadores e altifalantes sem fios.
Funcionalidades como NFC para pagamentos e emparelhamento rápido e o tradicional IR Blaster para controlar equipamentos eletrónicos continuam presentes. A porta USB-C suporta o standard USB 3.2 Gen 1, permitindo velocidades de transferência de dados até 5 Gbps. Embora suficiente para a maioria das utilizações, é de notar que o modelo Pro poderá ter USB 3.2 Gen 2 (10 Gbps). A porta suporta também USB On-The-Go (OTG).
A navegação por satélite é robusta, com suporte para múltiplos sistemas e bandas (GPS L1+L5, Galileo E1+E5a, GLONASS G1, Beidou, QZSS L1+L5, NavIC L5), proporcionando um posicionamento rápido e preciso nos nossos testes.
Para a experiência multimédia, o Xiaomi 15 conta com altifalantes estéreo e suporte para Dolby Atmos , que proporcionam um som envolvente e de boa qualidade, potencialmente superior ao do Galaxy S25. Um conjunto de quatro microfones garante boa captação de áudio em chamadas e gravações. Como esperado, não há entrada para auscultadores de 3.5mm. O motor de vibração háptico é bom, contribuindo para a sensação premium do dispositivo.
> Prós e Contras
Com base na nossa análise e testes ao Xiaomi 15, destacamos os seguintes pontos fortes e fracos:
Prós:
- Desempenho de Topo: O Snapdragon 8 Elite garante performance de ponta para qualquer tarefa.
- Ecrã Excecional: Painel LTPO AMOLED brilhante, fluido, com resolução elevada e molduras mínimas.
- Design Compacto e Ergonómico: Ideal para quem prefere smartphones mais fáceis de manusear.
- Autonomia Muito Boa: A combinação de bateria grande (5240mAh) e hardware eficiente garante longa duração.
- Carregamento Ultra-Rápido: 90W com fios e 50W sem fios são velocidades de topo.
- Câmaras Versáteis: Sistema triplo com sensor principal capaz e telefoto ótica dedicada com OIS e macro.
- Conectividade Avançada: Suporte a Wi-Fi 7 e Bluetooth 6.0 prepara o dispositivo para o futuro.
- Sensor de Impressão Digital Ultrassónico: Mais seguro e fiável que os sensores óticos.
- Política de Atualizações Sólida: 4 anos de Android e 6 anos de segurança é um bom compromisso.
Contras:
- Experiência de Software: O HyperOS, apesar das melhorias, pode conter bloatware, anúncios ou apresentar bugs e inconsistências.
- Ultrawide Sem Autofocus: Limita a versatilidade para fotos macro com esta lente.
- Carregador Não Incluído: Um custo adicional para o utilizador.
- Dependência de Carregador Proprietário: Necessário para atingir os 90W, limitando a conveniência.
- Gestão Térmica: O formato compacto leva a aquecimento e throttling em uso muito intensivo.
- Limitações Globais (RAM/Armazenamento): A versão internacional não tem as configurações de topo disponíveis na China.
- Preço Elevado: O custo a partir de €999 coloca-o num patamar premium exigente.
Veredicto Final TugaTech
O Xiaomi 15 afirma-se como um forte concorrente no segmento cada vez mais raro dos flagships Android compactos. Após o nosso período de testes, confirmamos que apresenta um pacote de hardware extremamente competente: o desempenho do Snapdragon 8 Elite é de topo, o ecrã LTPO AMOLED é visualmente impressionante com as suas molduras reduzidas, a bateria de 5240mAh aliada ao carregamento ultra-rápido oferece uma excelente autonomia e conveniência, e o sistema de câmaras, embora com a limitação do AF na ultrawide, mantém a versatilidade com uma telefoto dedicada e a chancela da Leica, produzindo resultados de elevada qualidade na maioria das situações. Tudo isto num corpo que privilegia a ergonomia e o manuseamento com uma só mão, com uma construção sólida e materiais premium.
Os seus pontos fortes residem claramente na performance bruta, na qualidade do ecrã, na autonomia e nas velocidades de carregamento. A manutenção de um design compacto sem sacrificar a capacidade da bateria é um feito notável. A conectividade de última geração com Wi-Fi 7 e Bluetooth 6.0 é também um bónus apreciável.
No entanto, persistem as habituais ressalvas associadas ao software da Xiaomi. O HyperOS 2.0, embora mais fluido e com funcionalidades AI interessantes, ainda carrega o historial de bloatware, potenciais inconsistências e uma gestão de memória que pode ser agressiva. A ausência de autofocus na câmara ultrawide e a dependência de um carregador proprietário (não incluído) para atingir a velocidade máxima de carregamento são outros pontos a considerar. O preço, a começar perto dos €1000, exige um nível de polimento e fiabilidade que a Xiaomi nem sempre entrega de forma consistente, especialmente no software.
O público-alvo para o Xiaomi 15 é o utilizador que valoriza um smartphone Android potente e compacto, que não quer abdicar de um ecrã de alta qualidade, exige uma bateria duradoura com carregamento muito rápido e aprecia a versatilidade de um sistema de câmaras com zoom ótico dedicado. É uma alternativa muito viável ao Samsung Galaxy S25 para quem estiver disposto a trocar a maior longevidade de atualizações e a potencial maior estabilidade do One UI por uma bateria substancialmente maior, carregamento mais veloz e hardware de câmara principal e telefoto superior.
No mercado português, o Xiaomi 15 tem potencial para vingar, apesar do preço elevado. A sua proposta de valor focada em hardware de ponta num formato compacto atrai utilizadores descontentes com o crescimento contínuo do tamanho dos smartphones. A experiência real de utilização é muito positiva na maioria dos aspetos, mas a decisão final dependerá da tolerância de cada um às idiossincrasias do software da Xiaomi.
Tendo em conta a classificação do TugaTech, o Xiaomi 15 merece o Selo de Review Ouro, pelas qualidades que oferece.
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