O governo do Kuwait está a intensificar as ações contra a mineração de criptomoedas em todo o território nacional. As autoridades atribuem a esta prática a responsabilidade por recentes apagões e pela sobrecarga da rede elétrica do país, uma preocupação crescente à medida que se aproxima o verão, altura em que as temperaturas podem atingir níveis extremos, segundo especialistas.
Operação de segurança visa residências suspeitas
Num comunicado recente, o Ministério do Interior do Kuwait anunciou o desenrolar de uma operação de segurança "abrangente" direcionada a residências suspeitas de serem utilizadas para a mineração de criptomoedas. O governo reforçou que esta atividade é ilegal, recordando a proibição implementada em 2023 pela Autoridade dos Mercados de Capitais do país, que também baniu a negociação de criptoativos na mesma altura.
A repressão tem-se concentrado na região de Al-Wafrah, situada no sul do Kuwait. De acordo com o ministério responsável pela eletricidade na área, foram identificadas cerca de 100 residências envolvidas em operações de mineração, sendo que muitas consumiam níveis de energia até 20 vezes superiores ao normal. Após a intervenção das autoridades, registou-se uma redução significativa de 55% no consumo de energia na zona, conforme um comunicado oficial.
Mineração de criptomoedas: um desafio energético global
É amplamente conhecido que a mineração de criptomoedas requer uma vasta capacidade de processamento computacional e, por consequência, um consumo elevado de eletricidade. O Kuwait não está isolado nesta questão. Vários outros países já tomaram medidas para regular ou proibir esta prática:
A Rússia baniu a mineração em diversas regiões.
O Kosovo proibiu a atividade em 2022.
Angola implementou uma proibição semelhante em 2024.
Países europeus como a Islândia e a Noruega introduziram regulações rigorosas devido a preocupações com a escassez de energia.
Impacto local significativo apesar da pequena quota global
Embora a contribuição do Kuwait para a mineração global de Bitcoin fosse relativamente modesta em 2022 (estimada em apenas 0,05% por investigadores da Universidade de Cambridge), o impacto na rede elétrica local é considerável. Como salientado por Alex de Vries-Gao, fundador de um projeto de investigação sobre o consumo energético das criptomoedas, à Reuters, "basta uma pequena fração da rede total de mineração de Bitcoin para ter um impacto significativo no consumo total de eletricidade relativamente pequeno do Kuwait".
A situação no Kuwait evidencia o crescente desafio que a mineração de criptomoedas representa para a estabilidade das redes elétricas e para a gestão de recursos energéticos a nível mundial, obrigando os governos a adotar medidas mais firmes para controlar o seu impacto.
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