A OpenAI, conhecida pelo seu popular modelo de linguagem ChatGPT, acaba de anunciar a aquisição da startup de design e tecnologia "io", cofundada pelo icónico ex-designer da Apple, Jony Ive. O negócio, avaliado em uns impressionantes 6,5 mil milhões de dólares, foi inicialmente reportado pelo The New York Times e posteriormente confirmado pela própria OpenAI numa publicação no seu blogue oficial. Esta jogada estratégica sinaliza uma forte aposta da OpenAI no desenvolvimento de hardware dedicado à inteligência artificial.
Os contornos do negócio e o futuro do design na OpenAI
Como parte do acordo, Jony Ive e o seu estúdio de design, LoveForm, continuarão a operar de forma independente da OpenAI. No entanto, figuras chave da "io", incluindo os cofundadores Scott Cannon, Evans Hankey e Tang Tan, juntamente com uma equipa de aproximadamente 50 engenheiros, designers e investigadores, passarão a integrar os quadros da OpenAI. Este novo grupo colaborará com as equipas existentes da OpenAI no desenvolvimento de hardware inovador, pensado para permitir que as pessoas interajam de forma mais natural e intuitiva com as tecnologias da empresa.
Em declarações ao The New York Times, Sam Altman, CEO da OpenAI, e Jony Ive, conhecido pelo seu trabalho revolucionário no design do iPhone, afirmaram que o objetivo desta parceria é criar "produtos incríveis que elevem a humanidade". A OpenAI descreve no seu site que "a equipa da 'io', focada no desenvolvimento de produtos que inspiram, capacitam e possibilitam, irá agora fundir-se com a OpenAI para trabalhar mais intimamente com as equipas de investigação, engenharia e produto em São Francisco". Acrescentam ainda que, com esta fusão, "Jony e a LoveFrom assumirão profundas responsabilidades criativas e de design em toda a OpenAI e 'io'".
Financiamento e estratégia da OpenAI: uma aposta de peso
A OpenAI não especificou se o pagamento será efetuado em dinheiro ou em ações. Contudo, segundo o Wall Street Journal, trata-se de um acordo totalmente baseado em ações. É de notar que a OpenAI ainda não atingiu a rentabilidade. De acordo com reportagens do The Information, a empresa concordou em partilhar 20% da sua receita com a Microsoft até 2030, como contrapartida pelo investimento de mais de 13 mil milhões de dólares realizado pela gigante tecnológica. Questionado pelo The New York Times sobre como financiaria esta aquisição, Altman desvalorizou as preocupações, afirmando: "Nós ficaremos bem. Obrigado pela preocupação". O negócio está ainda sujeito a aprovação regulatória.
Este investimento massivo acontece num contexto em que Sam Altman já tinha anteriormente investido na Humane, a startup por detrás do projeto menos bem-sucedido do Humane AI Pin. A HP acabou por adquirir a Humane no início deste ano por 116 milhões de dólares, um valor consideravelmente inferior ao mil milhão de dólares que a Humane alegadamente procurava antes da venda.
O que esperar desta união e dos futuros dispositivos OpenAI?
Segundo o The New York Times, a OpenAI já detinha uma participação de 23% na "io", fruto de um acordo estabelecido entre as duas empresas no final de 2024. Com este novo passo, a OpenAI desembolsa agora aproximadamente 5 mil milhões de dólares para assumir o controlo total da startup.
Ainda não é claro se esta aquisição aponta para o lançamento iminente de dispositivos físicos da OpenAI no mercado, nem qual a forma que estes poderão assumir. A descrição de um vídeo promocional da OpenAI menciona a intenção de "Construir uma família de produtos de IA para todos". No entanto, qualquer produto resultante desta colaboração poderá levar anos até chegar ao consumidor, e é possível que algumas das criações de Ive e da sua equipa nunca cheguem a ver a luz do dia. O foco parece estar na criação de uma nova geração de interações entre humanos e inteligência artificial, potenciada por hardware desenhado de raiz.
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