A OpenAI, empresa por detrás do popular ChatGPT, anunciou na semana passada a aquisição da "io", uma startup de hardware cofundada pelo lendário ex-designer da Apple, Jony Ive. Como parte deste acordo, que segundo relatos ascende a cerca de 5,98 mil milhões de euros (aproximadamente 6,5 mil milhões de dólares) em ações, Ive e a sua equipa irão integrar a OpenAI para se dedicarem ao design de futuros produtos de inteligência artificial.
Jony Ive e OpenAI: A nova dupla para revolucionar o hardware de IA
A notícia da união entre Jony Ive e a OpenAI, divulgada através de uma publicação no blog da OpenAI (https://openai.com/sam-and-jony/) e ecoada por meios como a NPR e a BBC, marca um momento potencialmente transformador para a indústria tecnológica. Ive, conhecido pela sua estética minimalista e funcional, foi a força criativa por detrás de alguns dos produtos mais icónicos e bem-sucedidos da Apple. A sua startup de design, LoveFrom, da qual a "io" foi subsequentemente formada no último ano com outros ex-colegas da Apple, já vinha a colaborar discretamente com a OpenAI nos últimos dois anos.
Esta aquisição, a maior da OpenAI até à data, sinaliza uma clara intenção da empresa liderada por Sam Altman de não se limitar ao software, mas de expandir a sua influência para o desenvolvimento de dispositivos físicos otimizados para IA.
O legado de Ive: O toque de Midas por detrás dos maiores sucessos da Apple
Para quem não está familiarizado, Jony Ive foi o designer-chefe da Apple durante muitos anos, sendo o principal arquiteto da linguagem de design que definiu produtos como o iPhone, iPad, iMac e muitos outros. A sua visão foi crucial para o ressurgimento da Apple e para a forma como interagimos com a tecnologia atualmente. Apesar de ter deixado a Apple em 2019 para se dedicar a projetos pessoais com a sua empresa LoveFrom, a gigante de Cupertino sempre afirmou que Ive mantinha uma relação próxima com a liderança da empresa.
A entrada de Ive na OpenAI para liderar o design de novos produtos de IA é vista por muitos como um potencial divisor de águas e, possivelmente, um sério alerta para a Apple.
Um negócio de muitos milhões e uma visão para o futuro
No vídeo de lançamento que acompanhou o anúncio, Ive expressou o seu entusiasmo: "Estou absolutamente certo de que estamos literalmente à beira de uma nova geração de tecnologia que nos pode tornar melhores versões de nós mesmos."
Sam Altman, CEO da OpenAI, não poupou elogios, descrevendo Jony Ive como o "maior designer do mundo" e afirmando que a empresa está "entusiasmada por tentar criar uma nova geração de computadores alimentados por IA." O objetivo, segundo ambos, é reimaginar a interação humano-computador, desenvolvendo uma família de dispositivos que potenciem a criatividade e a utilidade da inteligência artificial.
O misterioso dispositivo sem ecrã: O próximo "iPhone killer"?
A OpenAI ainda não especificou se pretende lançar um produto para rivalizar diretamente com a Apple ou outros fabricantes de smartphones. Historicamente, a maioria do hardware de IA que se propôs a substituir os smartphones falhou, em grande parte devido à imaturidade da tecnologia e do design. Contudo, com Ive no comando do design, as expectativas são naturalmente elevadas.
Relatos anteriores, como os veiculados pela CNET e Mashable, sugerem que Jony Ive estaria a trabalhar num conceito de telemóvel de IA sem ecrã. Este dispositivo poderia ser controlado primariamente por comandos de voz, funcionando como um potencial substituto para os smartphones convencionais. Este projeto poderá ser o grande trunfo que a OpenAI procura para se afirmar no mercado de hardware de IA.
Apple em xeque: O iPhone sob a mira da inteligência artificial
Resta saber como a Apple reagirá a esta parceria estratégica entre o seu antigo guru do design e a OpenAI, uma empresa que tem vindo a ganhar terreno na corrida da inteligência artificial. No entanto, a ameaça do hardware de IA ao domínio do iPhone parece ser uma preocupação sentida até mesmo dentro da própria Apple.
Durante o seu testemunho no processo antitrust do governo dos EUA contra a Google, Eddy Cue, chefe de serviços da Apple, terá afirmado explicitamente que os clientes poderão já não precisar de um iPhone daqui a 10 anos, conforme noticiado por diversos meios como o Business Today e o Courthouse News Service. Esta declaração sublinha a rápida evolução tecnológica e o potencial disruptivo da IA.
A aliança entre a mente visionária de Jony Ive e o poder computacional da OpenAI promete agitar o panorama tecnológico. Se esta dupla conseguirá ou não redefinir a nossa interação com os dispositivos, só o tempo o dirá, mas o mercado estará, certamente, atento a cada passo.
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