Os mais recentes iPhones vendidos na China, o segundo maior mercado da Apple, continuam desprovidos das novas funcionalidades de Inteligência Artificial (IA) da empresa. Numa tentativa de contornar este obstáculo, a Apple procurou uma parceria com a gigante chinesa do comércio eletrónico, Alibaba. No entanto, esta colaboração enfrenta agora sérios reveses por parte do regulador chinês, num impasse que muitos veem como um reflexo das tensões comerciais entre os EUA e a China, exacerbadas durante a administração Trump.
A "Grande Muralha" da regulação chinesa para a IA da Apple
Segundo uma nova reportagem do Financial Times, que cita fontes familiarizadas com o assunto, a Apple e a Alibaba têm trabalhado nos últimos meses para integrar algumas capacidades de IA nos iPhones comercializados na China. Contudo, a Administração do Ciberespaço da China (CAC), entidade reguladora do país, ainda não deu luz verde à colaboração.
A reportagem detalha: "O lançamento dos serviços de inteligência artificial da Apple na China com a Alibaba está a ser retido por um regulador de Pequim, tornando esta parceria tecnológica a mais recente vítima da guerra comercial de Donald Trump." Acrescenta ainda que "As gigantes tecnológicas têm trabalhado em conjunto para lançar o Apple Intelligence, o conjunto de serviços de IA da fabricante do iPhone, para os utilizadores chineses. O sistema seria suportado pelos mais recentes modelos da Alibaba."
Alibaba era a chave, mas a porta regulatória (ainda) não abriu
Globalmente, os novos iPhones integram funcionalidades de IA e oferecem acesso ao ChatGPT, fruto de uma parceria entre a Apple e a OpenAI. Como a OpenAI não tem presença oficial na China, a Apple viu-se obrigada a procurar parceiros locais, como a Alibaba, para disponibilizar capacidades de IA nos seus dispositivos vendidos no país. Esta estratégia permitiria à Apple navegar as apertadas restrições regulatórias chinesas, mas encontra-se, de momento, paralisada.
Guerra comercial EUA-China volta a fazer estragos na tecnologia
Embora a Administração do Ciberespaço da China não confirme publicamente que o bloqueio à parceria Apple-Alibaba seja uma retaliação direta à guerra comercial com os EUA, fontes citadas indicam que esta é, de facto, a resposta de Pequim ao recente escalar de tarifas. A China tem um historial de responder com medidas recíprocas às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Washington também vê parceria com algumas reservas
Curiosamente, a parceria entre a Apple e a Alibaba também enfrenta oposição nos Estados Unidos. Legisladores e oficiais governamentais em Washington manifestaram preocupações sobre este acordo de IA, temendo que a colaboração possa inadvertidamente fortalecer significativamente as capacidades de inteligência artificial da China. Este impasse regulatório e as tensões geopolíticas deixam assim em suspenso a chegada das funcionalidades de IA mais avançadas da Apple aos utilizadores de iPhone na China.
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