Uma vasta rede criminosa, suspeita de lavar 540 milhões de dólares (cerca de 460 milhões de euros) provenientes de esquemas fraudulentos de investimento em criptomoedas, foi desmantelada em Espanha. A operação resultou na detenção de cinco indivíduos em Madrid e nas Ilhas Canárias, pondo fim a um esquema que terá lesado mais de 5.000 vítimas a nível global.
A investigação, iniciada em 2023, culminou numa operação policial de grande escala que contou com o apoio e coordenação da Europol, bem como de investigadores da Estónia, França e dos Estados Unidos. No dia das detenções, foi destacado para Espanha um perito em criptomoedas para assegurar o rastreio e a recuperação dos fundos roubados.
Um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro
Embora a investigação aos métodos continue, as autoridades acreditam ter desvendado o modus operandi do grupo. A rede criminosa canalizava o dinheiro através de complexos canais de ocultação na Ásia, dificultando o seu rastreamento.
"Para levar a cabo as suas atividades fraudulentas, os líderes da rede criminosa utilizavam uma teia de associados espalhados pelo mundo para angariar fundos através de levantamentos em dinheiro, transferências bancárias e transferências de criptoativos", detalha a Europol no seu comunicado.
Os investigadores suspeitam que a organização estabeleceu uma rede empresarial e bancária sediada em Hong Kong. Esta estrutura recorria a portais de pagamento e a contas de utilizador em nome de terceiros, distribuídas por várias plataformas de criptomoedas, para receber, armazenar e transferir os fundos ilícitos.
O papel crescente da Inteligência Artificial na fraude
A Europol faz uma menção especial ao papel da Inteligência Artificial (IA) na proliferação de burlas de investimento, que se tornam cada vez mais sofisticadas. Esta tendência é corroborada por uma outra detenção efetuada pela polícia espanhola em abril de 2025. Nessa operação, seis indivíduos foram detidos pelo seu envolvimento numa burla de investimento em criptomoedas que recorria a ferramentas de IA para gerar anúncios deepfake altamente convincentes, utilizando imagens de celebridades.
A agência policial europeia classifica a escala, variedade e alcance destes esquemas como "sem precedentes", alertando que a fraude online deverá superar todas as outras formas de crime organizado nos próximos anos.
Um problema à escala global
Para contextualizar a dimensão do problema, a Federal Trade Commission (FTC) dos EUA reportou recentemente que os cidadãos norte-americanos perderam um valor recorde de 12,5 mil milhões de dólares devido a fraudes online apenas em 2024.
No início deste mês, o Departamento de Justiça dos EUA anunciou a recuperação de 225 milhões de dólares em criptomoedas associadas a fraudes de investimento. Embora esta apreensão constitua um recorde para os Serviços Secretos dos EUA, representa apenas uma pequena fração das perdas anuais registadas.
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