
O laboratório de inteligência artificial da Huawei veio a público no final da semana passada para desmentir as alegações de que o seu modelo de linguagem, o Pangu Pro Moe, seria derivado de tecnologia desenvolvida pela Alibaba. A polémica surgiu após a publicação de um artigo anónimo no GitHub, que acusa a gigante tecnológica de ter reutilizado o modelo Qwen 2.5-14B da sua concorrente direta.
A publicação, assinada por uma entidade que se identifica como HonestAGI, alega ter encontrado "correlações extraordinárias" entre os dois sistemas. Sugere ainda que a Huawei não terá treinado o seu modelo de raiz, optando antes por uma espécie de "upcycling" ou reaproveitamento. Se confirmada, a prática poderia levantar questões sobre violação de direitos de autor e falsificação de dados técnicos, acusações que ganharam tração imediata na imprensa chinesa e em comunidades de entusiastas de IA.
A natureza da acusação
De acordo com o artigo da HonestAGI, as semelhanças entre o Pangu Pro Moe e o Qwen 2.5 são de tal forma evidentes que tornam improvável um desenvolvimento independente. A publicação levanta a hipótese de a Huawei ter falsificado informações nos seus relatórios técnicos e inflacionado os valores de investimento declarados no treino do seu modelo de inteligência artificial.
Em resposta, o Noah's Ark Lab, o laboratório da Huawei responsável pelo projeto, afirmou em comunicado que o Pangu Pro Moe foi "desenvolvido e treinado de forma independente". A empresa sublinha que o modelo incorpora "inovações significativas na sua arquitetura e recursos técnicos" e destaca que este é o primeiro modelo de larga escala totalmente construído com base nos seus próprios chips Ascend.
A Huawei acrescentou ainda que respeitou todos os requisitos de licenciamento de software de código aberto, embora não tenha detalhado que projetos foram usados como base. Até ao momento, a Alibaba não emitiu qualquer comentário sobre o caso. A identidade por trás da conta HonestAGI, que despoletou a controvérsia, permanece desconhecida.
A corrida pela liderança na IA na China
Esta polémica acontece num período de competição intensa entre as grandes empresas tecnológicas chinesas, que procuram consolidar os seus modelos de linguagem de grande porte (LLMs) no mercado. A rivalidade intensificou-se recentemente com o lançamento do modelo R1 da DeepSeek, que captou a atenção global pelo seu baixo custo de desenvolvimento.
O Qwen 2.5-14B da Alibaba, lançado em maio, é um modelo desenhado para computadores e telemóveis, com um foco no consumidor final através de assistentes virtuais. Por outro lado, a série Pangu da Huawei, que inclui o Pangu Pro Moe, está mais orientada para setores empresariais e governamentais, como a administração pública, finanças e indústria.
Apesar de ter sido uma das pioneiras com o lançamento do modelo Pangu original em 2021, a Huawei era vista por alguns analistas como estando a perder terreno neste segmento. No final de junho, a empresa disponibilizou o código-fonte do Pangu Pro Moe de forma gratuita para programadores, numa estratégia clara para aumentar a sua base de utilizadores e reafirmar a sua posição nesta corrida tecnológica.










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