O cenário digital na Rússia continua a transformar-se drasticamente, com o governo a apertar o cerco às plataformas tecnológicas estrangeiras. A mais recente vítima parece ser o WhatsApp, a aplicação de mensagens mais popular do planeta, que poderá ser banida do país para dar lugar a uma alternativa controlada pelo Estado.
Uma estratégia de substituição e controlo
A potencial saída do WhatsApp do mercado russo não é um caso isolado, mas sim parte de uma estratégia mais ampla para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira. Segundo avança a Reuters, Anton Nemkin, um legislador russo ligado ao setor das tecnologias de informação, afirmou que a presença da aplicação no país está "efetivamente decidida" e que esta representa uma ameaça à segurança nacional.
Esta medida visa abrir caminho para a "MAX", uma plataforma de mensagens estatal cuja criação foi autorizada pelo Presidente Putin no mês passado. A nova aplicação pretende integrar serviços governamentais e, segundo fontes oficiais, poderia capturar uma fatia de mercado significativa se o WhatsApp, atualmente utilizado diariamente por 68% dos russos, for forçado a sair.
Um historial de restrições a plataformas estrangeiras
A pressão sobre o WhatsApp segue um padrão já conhecido. Em 2022, a Rússia baniu o Facebook e o Instagram, plataformas da Meta, no seguimento dos eventos geopolíticos desse ano. A popular aplicação de mensagens Telegram também está na mira das autoridades.
Simultaneamente, o governo russo tem reforçado o controlo sobre o conteúdo online. Foram aprovadas multas até 5.000 rublos (cerca de 58 euros) para cidadãos que pesquisem por conteúdos considerados proibidos, uma categoria que abrange não só as redes sociais banidas, mas também figuras da oposição e ativistas. A medida gerou críticas, incluindo de vozes pró-Kremlin, que argumentam que poderá dificultar o trabalho jornalístico.
Google e YouTube também sentem a pressão
O YouTube, da Google, também enfrenta um ambiente hostil. A plataforma viu a sua audiência diária na Rússia cair de mais de 40 milhões em meados de 2024 para menos de 10 milhões, uma quebra acentuada devido à limitação da velocidade de acesso imposta pelas autoridades.
A tensão com a Google atingiu um ponto extremo em outubro de 2024, quando um tribunal russo aplicou uma multa astronómica de 2,5 deciliões de dólares. O valor, que é puramente simbólico e impraticável, originou-se de uma pequena multa de 100.000 rublos em 2020, que foi duplicada semanalmente durante quatro anos após a recusa da empresa em pagar e a sua decisão de banir meios de comunicação estatais russos da sua plataforma. A situação agravou-se com a desativação de contas AdSense e a falência da subsidiária russa da Google em 2022.
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