
A popular plataforma de transcrição e anotações baseada em inteligência artificial, Otter.ai, está a enfrentar um processo judicial coletivo. A empresa é acusada de gravar e utilizar ilegalmente as vozes dos utilizadores para treinar os seus sistemas de IA, tudo isto sem obter o devido consentimento.
A queixa centra-se na funcionalidade “Otter Notetaker”, que se integra com plataformas como Google Meet, Zoom e Microsoft Teams para gravar reuniões e gerar transcrições e resumos automáticos. Segundo avança o The Register, o problema reside na forma como estes dados são posteriormente utilizados.
O treino da IA no centro da polémica
De acordo com a queixa apresentada, a política de privacidade e a secção de perguntas frequentes da Otter.ai admitem que as vozes gravadas são usadas para treinar os seus modelos de reconhecimento de fala. No entanto, os queixosos alegam que a plataforma não grava apenas os detentores das contas, mas também todos os outros participantes nas reuniões que não são utilizadores do serviço.
Estes participantes, segundo o processo, nunca são informados nem lhes é pedido consentimento para que as suas vozes sejam gravadas ou utilizadas em processos de aprendizagem de máquina. Os queixosos argumentam que estas práticas violam várias leis de privacidade norte-americanas, incluindo o Electronic Communications Privacy Act e o Computer Fraud and Abuse Act.
Uma receita milionária baseada em dados
O processo judicial destaca que a Otter.ai atingiu uma receita anual de 100 milhões de dólares (aproximadamente 92 milhões de euros), sugerindo que a empresa lucra com estas práticas sem garantir os consentimentos necessários para a recolha e utilização dos dados de voz.
Antecipa-se que a Otter.ai possa defender-se, argumentando que a responsabilidade de informar os convidados sobre as suas práticas de dados recai sobre os detentores das contas que organizam as reuniões. Contudo, os queixosos rejeitam esta posição, insistindo que a empresa tem a obrigação de procurar obter o consentimento direto de todos os indivíduos gravados, reforçando a importância da segurança dos dados.










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