
O mercado de jogo e apostas online em Portugal mostrou sinais de abrandamento no segundo trimestre de 2025, mas continua a ser uma fonte de receita fiscal significativa para o Estado. Nos primeiros seis meses do ano, o setor já contribuiu com 163,9 milhões de euros em impostos, revela o mais recente relatório da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), com base em dados do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ).
Apesar de uma ligeira quebra de 1,8% na receita fiscal face ao primeiro trimestre do ano, o valor de 81,2 milhões de euros arrecadado entre abril e junho representa um aumento de 5,8% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esta resiliência fiscal surge num momento em que as receitas brutas totais dos operadores estagnaram, atingindo 287 milhões de euros, um crescimento modesto de apenas 0,8%.
O casino segura o crescimento do setor
O abrandamento do mercado deve-se, em grande parte, a uma quebra nas apostas desportivas. As receitas brutas deste segmento caíram quase 5% em relação ao trimestre anterior, fixando-se nos 109,2 milhões de euros. O volume total de apostas desportivas também diminuiu 8,9% em cadeia, mostrando um menor interesse dos jogadores nesta modalidade.
Em contrapartida, os jogos de casino online foram o motor que impediu uma estagnação maior. Com receitas brutas de 177,8 milhões de euros, este segmento cresceu 12,2% face ao primeiro trimestre e foi responsável por 62% de toda a atividade do setor. O volume de apostas em jogos de fortuna ou azar aumentou 8%, sustentando o ligeiro crescimento global do mercado.
O fantasma do mercado ilegal continua a assombrar
Ricardo Domingues, presidente da APAJO, refere que esta desaceleração já era esperada pelos operadores. No entanto, destaca uma tendência preocupante: a persistência do mercado ilegal. "40% dos jogadores ainda apostam em operadores não licenciados e ilegais", afirma, sublinhando que o crescimento das receitas do Estado "poderia ser mais significativo com uma aposta decidida no combate a este fenómeno prejudicial". A associação alerta ainda para um aumento da publicidade a operadores ilegais nas redes sociais.
Quem são os jogadores em Portugal?
O relatório traça também o perfil do jogador online em Portugal. Os distritos de Lisboa e Porto lideram, com 21,7% e 21,1% do total de registos, respetivamente, seguidos de perto por Braga, Setúbal e Aveiro. A grande maioria dos jogadores (77,8%) tem menos de 45 anos, com a faixa etária dos 25 aos 34 anos a representar 33,5% do total.
Apesar dos números robustos, o ritmo de aquisição de novos jogadores está a diminuir. No segundo trimestre de 2025, registaram-se 211 mil novas contas, uma queda de 21,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em contraste, o número de pessoas que optaram pela autoexclusão da prática de jogo online aumentou, totalizando 326,4 mil registos no final de junho.










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