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Durante anos, o firmware foi a área mais opaca do hardware, um terreno fértil para problemas de compatibilidade e falhas de segurança. A AMD pretende quebrar este molde com o openSIL, uma biblioteca de inicialização de silício totalmente aberta que está a redefinir a forma como um sistema arranca e como o hardware interage desde a sua base. Este projeto ambicioso transporta a filosofia do código aberto — transparência, colaboração e controlo técnico partilhado — para o nível mais fundamental do ecossistema de processadores. A confirmação mais recente, vinda do OCP Summit 2025, é que a AMD vai arrancar esta nova era já em 2026 com as arquiteturas Venice e Medusa.

 

O que é o openSIL e porque é importante?

 

O openSIL (Open-Source Silicon Initialization Library) é, em essência, o código que dá vida ao silício antes de o sistema operativo entrar em ação. Este substitui o bloco de inicialização fechado que os fabricantes tradicionalmente guardavam para si, transformando-o num código visível, auditável e extensível. Na prática, isto significa que qualquer pessoa pode rever como a memória, o barramento PCIe ou o próprio arranque do firmware são configurados, eliminando a dependência de código proprietário e as "caixas negras" no coração dos nossos computadores.

 

A AMD já tinha implementado esta tecnologia nos seus processadores EPYC Genoa e Turin para servidores e nos Ryzen com arquitetura Phoenix, mas a apresentação deste ano deixou claro que a aposta está a ser consolidada e ampliada para o futuro.

 

A nova era do código aberto: Venice e Medusa lideram a revolução

 

No evento, a AMD detalhou a evolução do openSIL no seu roteiro, revelando dois lançamentos-chave: Venice e Medusa. A arquitetura Venice, que dará vida à sexta geração de CPUs EPYC (Zen 6) para servidores, será o primeiro firmware openSIL a ser considerado "Plan of Record" (PoR), ou seja, o plano oficial e definitivo da empresa. O seu código-fonte será publicado na íntegra cerca de um trimestre após o lançamento comercial, previsto para 2026.

 

O segundo grande passo será a Medusa, o nome de código para a microarquitetura dos processadores Ryzen para portáteis, também baseada em Zen 6. O seu lançamento em código aberto está fixado para a primeira metade de 2027, tornando-se o primeiro firmware openSIL de produção estável numa plataforma de consumo.

 

Entretanto, para marcar o arranque oficial do openSIL fora do ambiente de servidores, a AMD já libertou este mês o firmware da arquitetura Phoenix (Zen 4). Estas três plataformas — Phoenix, Venice e Medusa — representam a expansão do projeto do mundo profissional para o doméstico.

 

Como vai funcionar o processo?

 

A AMD explicou que o modelo de desenvolvimento decorre em duas fases. A primeira, sob acordo de confidencialidade (NDA), dura aproximadamente um ano e inclui a validação pré-silício, o arranque da CPU e a verificação do sistema com os fabricantes parceiros, como a AMI, Inside e 9elements. Após o lançamento do processador, começa a fase de código aberto, onde o firmware é revisto, "limpo" e publicado no GitHub sob licença MIT, permitindo que a comunidade o adapte para UEFI, CoreBoot ou outras implementações.

 

O modelo de governação é igualmente transparente: a AMD atuará como BDFL (Benevolent Dictator For Life), uma figura que mantém a autoridade final sobre as alterações ao código, garantindo a coerência técnica. Os colaboradores poderão propor melhorias através de um processo público, onde cada proposta será avaliada.

Numa altura em que a confiança e a auditoria de código são mais essenciais do que nunca, o openSIL representa uma mudança de paradigma, criando um ponto de encontro entre a indústria e a comunidade que poderá redefinir a transparência tecnológica no hardware.




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