
A indústria musical e o setor da inteligência artificial continuam a encontrar pontos de convergência, deixando para trás os litígios em favor da colaboração. A Warner Music Group (WMG) confirmou esta terça-feira que chegou a um acordo com a startup de música IA Suno, colocando um ponto final no processo judicial sobre direitos de autor que as opunha.
Segundo o comunicado oficial da WMG, esta parceria pretende "abrir novas fronteiras na criação, interação e descoberta musical", garantindo simultaneamente a compensação e proteção dos artistas e compositores. Esta mudança de paradigma surge numa altura em que a editora procura moldar ativamente os modelos de negócio que envolvem a IA generativa.
Songkick muda de dono e novas regras para a IA
Uma das peças centrais deste acordo envolve a Songkick, a popular plataforma de descoberta de concertos e música ao vivo. A WMG, que havia adquirido a aplicação e a marca em 2017, anunciou a venda da Songkick à Suno por um valor não revelado. A gigante da música assegura, no entanto, que a plataforma continuará a funcionar como um destino para os fãs, agora sob a alçada da tecnológica.
A parceria terá efeitos práticos na forma como a Suno opera. A empresa vai lançar modelos mais avançados e licenciados que substituirão os atuais já no próximo ano. Uma das alterações mais significativas para os utilizadores prende-se com o acesso aos ficheiros de áudio: o download de músicas criadas na plataforma passará a exigir uma conta paga. Os utilizadores do plano gratuito ficarão limitados a reproduzir e partilhar as suas criações dentro do ecossistema da Suno.
Artistas no controlo e o fim dos processos judiciais
O acordo estipula ainda que os artistas e compositores da WMG — uma lista que inclui nomes de peso como Lady Gaga, Coldplay e The Weeknd — terão controlo total sobre a forma como os seus nomes, imagens, semelhanças e vozes são utilizados na música gerada por IA. Robert Kyncl, CEO da WMG, descreveu o pacto como uma vitória para a comunidade criativa, destacando a oportunidade de expandir as receitas num momento em que a Suno escala rapidamente tanto em utilizadores como em monetização.
Esta notícia surge apenas uma semana depois de a Warner Music Group ter resolvido um processo semelhante com a startup de música IA Udio, estabelecendo um acordo de licenciamento para um serviço previsto para 2026. Estes movimentos marcam uma viragem na estratégia das grandes editoras, que no ano passado processaram tanto a Suno como a Udio.
O setor tecnológico continua a apostar forte neste segmento, com a Suno a anunciar recentemente uma ronda de financiamento de 250 milhões de dólares, liderada pela Menlo Ventures e com a participação da Nvidia, elevando a avaliação da startup para 2,45 mil milhões de dólares. Relatórios indicam que a Universal Music Group e a Sony Music Entertainment também estarão em negociações para licenciar o seu catálogo, sinalizando que a era da litigância poderá estar a dar lugar à era das parcerias comerciais.










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