
A Meta tomou uma medida drástica no passado dia 15 de dezembro ao eliminar completamente o seu Diretório Oficial de Parceiros. A decisão surge na sequência de uma investigação jornalística que expôs uma realidade preocupante: várias empresas listadas como "Parceiros Certificados" estavam a publicitar abertamente a sua capacidade de contornar as regras da rede social para veicular anúncios proibidos no Facebook e Instagram.
A gigante tecnológica confirmou que está agora a proceder a uma revisão minuciosa de alguns parceiros e da totalidade do programa, numa tentativa de limpar a imagem de um sistema que deveria garantir segurança e confiança aos anunciantes.
"Especialistas de confiança" promoviam esquemas ilegais
A remoção do diretório foi desencadeada depois de o repórter Jeff Horwitz ter apresentado à Meta provas concretas de que agências certificadas ofereciam explicitamente serviços para violar as políticas da plataforma. Para testar o sistema, o jornalista conseguiu colocar anúncios fraudulentos que prometiam retornos financeiros semanais impossíveis de 10% — o que equivaleria a uma taxa anualizada superior a 14.000%.
Estes anúncios foram aprovados e geridos através de contas de agências que a própria plataforma listava como "especialistas de confiança". A investigação identificou três agências específicas dispostas a veicular publicidade proibida relacionada com criptomoedas: a Bluefocus Agency (baseada no Vietname), a Green Orange (de Hong Kong) e a Uproas (da Estónia). Estas empresas cobravam pagamentos antecipados em criptomoedas e comissões para "furar" as regras de segurança.
Curiosamente, estes revendedores menores operavam através dos 11 principais parceiros publicitários chineses da tecnológica. Estes parceiros de topo foram responsáveis por gerar mais de 18 mil milhões de dólares em receitas para a empresa em 2024, apesar de o Facebook e o Instagram estarem bloqueados na China.
A Inteligência Artificial potenciou a fraude
Um dos aspetos mais insólitos revelados pela investigação foi o papel da própria tecnologia da empresa no esquema. Depois de os anúncios fraudulentos passarem pela revisão inicial, o sistema de IA "Advantage+" gerou automaticamente 10 versões alternativas das publicidades.
A ferramenta não só não detetou a fraude, como a otimizou, criando mensagens mais agressivas como "Cansado de viver de salário em salário?" e incentivando a autorização de todas as variantes para testes automatizados. Estes anúncios acabaram por alcançar mais de 20.000 utilizadores em regiões como os Estados Unidos, Europa, Índia e Brasil, gerando centenas de cliques.
Andy Stone, porta-voz da empresa, afirmou que as políticas proíbem os parceiros chineses de trabalhar com revendedores estrangeiros. No entanto, documentos internos indicam que a tecnológica já tinha identificado que quase um quarto de todos os anúncios de burlas e produtos proibidos nas suas plataformas a nível global tiveram origem na China, conforme detalhado na investigação da Reuters.










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