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RAM DDR5 em fogo perto de um carro desportivo

Recentemente, partilhámos aqui no TugaTech um facto curioso que gerou bastante discussão: o preço de 4 TB de memória RAM já supera o valor de um automóvel desportivo de luxo, como um Corvette novo. A comparação, embora ilustrativa da escalada de preços no setor dos semicondutores, levantou várias sobrancelhas e gerou alguns comentários céticos. Afinal, para que serve tanta memória? Será apenas um desperdício de dinheiro ou existe um mercado real para este tipo de hardware?

A resposta curta é: sim, existe, e é vital para indústrias que afetam o nosso dia a dia, mesmo que não tenhamos esse hardware em casa. Vamos desmistificar o uso destas capacidades "obscenas" de memória e explicar porque é que, para certos profissionais, 4 TB de RAM não só se justificam, como por vezes até sabem a pouco.

O contexto: Não é para jogar nem para o Chrome

A primeira coisa a esclarecer é o público-alvo. Quando falamos de kits de memória com esta capacidade, não estamos a falar da RAM DDR5 de consumo que encontramos nas lojas de informática habituais. Estamos a falar, geralmente, de módulos RDIMM (Registered DIMM) com ECC (Error Correction Code), desenhados para plataformas de estação de trabalho (Workstation) ou servidores, como os baseados em processadores AMD Threadripper Pro ou Intel Xeon.

Para o utilizador comum, que joga, edita alguns vídeos para o YouTube ou navega na web, 32 GB ou 64 GB são mais do que suficientes. No entanto, no mundo empresarial e científico, a escala é completamente diferente. O custo elevado justifica-se não pelo prazer de ter "o melhor", mas pelo retorno financeiro que a rapidez de processamento traz.

Inteligência Artificial e Grandes Modelos de Linguagem (LLM)

Não é segredo que a IA é o motor atual da tecnologia. Treinar ou, mais frequentemente em ambientes locais, executar (inferência) modelos de linguagem massivos requer quantidades astronómicas de memória.

servidores em datacenter

Muitas empresas preferem correr os seus modelos de IA localmente por questões de privacidade e segurança de dados, evitando a nuvem. Modelos com centenas de milhares de milhões de parâmetros precisam de ser carregados inteiramente na memória para funcionarem com uma velocidade aceitável. Embora as placas gráficas (GPU) sejam essenciais aqui, a VRAM (memória de vídeo) é limitada e extremamente cara. O sistema de RAM atua como um repositório massivo de dados de acesso rápido para alimentar esses modelos, permitindo que investigadores testem iterações sem esperar horas pela transferência de dados de um SSD, por muito rápido que este seja.

Simulações científicas e prospeção de dados

Outro cenário onde 4 TB de RAM são rapidamente consumidos é na computação científica. Imaginem simulações de dinâmica de fluidos (usadas na Fórmula 1 ou na aeronáutica), modelagem climática ou análise genómica.

Nestes casos, os cientistas carregam datasets inteiros na memória para realizar cálculos complexos em tempo real. Se o sistema tivesse de recorrer ao armazenamento em disco (o chamado swapping) sempre que a RAM enchesse, uma simulação que demora dias poderia passar a demorar semanas. Neste contexto, o tempo é literalmente dinheiro e descoberta científica. Ter 4 TB de RAM permite manter todo o cenário de simulação "vivo" e acessível instantaneamente pelo processador.

Edição de vídeo 8K e Efeitos Visuais (VFX)

Na indústria do cinema e entretenimento, a resolução e a complexidade dos efeitos visuais não param de aumentar. Trabalhar com footage em resolução 8K (ou superior) sem compressão (RAW), com múltiplas camadas de efeitos, correção de cor e 3D, consome memória a um ritmo alucinante.

edição de vídeo

Aplicações como o After Effects ou softwares de renderização 3D podem usar toda a RAM disponível para fazer o caching das pré-visualizações. Com 4 TB, um estúdio pode manter uma timeline complexa inteira em memória, permitindo ao editor percorrer o filme em tempo real sem soluços, algo impossível com quantidades "normais" de memória. Mais uma vez, a produtividade dita o investimento: se um editor consegue trabalhar duas vezes mais rápido, o hardware paga-se a si próprio.

Virtualização massiva

Por fim, temos o cenário mais clássico: a virtualização. Um único servidor ou workstation com esta capacidade de memória pode alojar centenas de máquinas virtuais simultaneamente.

Em vez de uma empresa comprar 50 computadores físicos para 50 funcionários ou serviços diferentes, pode ter uma única máquina robusta que distribui recursos. Para ambientes de teste de software, onde é preciso simular redes inteiras com dezenas de sistemas operativos a correr ao mesmo tempo, a RAM é quase sempre o primeiro "gargalo" a ser atingido, muito antes do processamento.

Em suma, embora a comparação com o preço de um Corvette possa parecer descabida para a realidade doméstica, ela serve para ilustrar a especialização destes componentes. Para quem compra 4 TB de RAM, o computador não é um passatempo; é uma ferramenta industrial. E tal como um trator agrícola pode custar mais do que um Ferrari e não servir para ir passear ao domingo, estas memórias têm um propósito muito específico: mover o mundo digital a uma velocidade que os nossos computadores pessoais nem conseguem sonhar.




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