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A Comissão Europeia aplicou uma pesada multa de 2,95 mil milhões de euros à Google, acusando a gigante tecnológica de abusar da sua posição dominante no mercado da publicidade digital. A decisão, anunciada esta sexta-feira, conclui que a empresa favoreceu os seus próprios serviços de tecnologia de publicidade (adtech) em detrimento dos concorrentes.

Além da coima, o principal regulador antitrust da União Europeia ordenou que a Google ponha fim a estas práticas de "autopreferência" e que adote medidas para evitar futuros conflitos de interesse no setor. A investigação, que teve início em junho de 2021, focou-se na forma como a Google controla vários níveis da cadeia de fornecimento de publicidade online, desde as ferramentas para anunciantes até aos serviços para os editores de sites.

Google contesta e promete recorrer da decisão

A resposta da Google não se fez esperar. Num comunicado enviado ao BleepingComputer, Lee-Anne Mulholland, Diretora Global de Assuntos Regulatórios da empresa, afirmou que a decisão da Comissão Europeia "está errada" e que a empresa irá recorrer.

"Esta decisão impõe uma multa injustificada e exige alterações que irão prejudicar milhares de empresas europeias, dificultando a sua capacidade de gerar receitas", defendeu Mulholland. "Não há nada de anticompetitivo em fornecer serviços para compradores e vendedores de anúncios, e existem mais alternativas aos nossos serviços do que nunca", acrescentou.

Um histórico de multas pesadas na Europa

Esta não é a primeira vez que a Google enfrenta a mão pesada dos reguladores europeus. A multa agora aplicada é a quarta de valor significativo, somando-se a um histórico de penalizações por abuso de posição dominante.

Em março de 2019, a empresa foi multada em 1,49 mil milhões de euros por bloquear anunciantes rivais. Um ano antes, em julho de 2018, a sanção foi de 2,42 mil milhões de euros por práticas desleais no mercado de comparação de compras online. A multa mais avultada, no valor de 4,34 mil milhões de euros, foi aplicada em junho de 2017 e visou as práticas da Google para reforçar o domínio do seu motor de busca através do sistema operativo Android.

Para agravar a situação, a autoridade de proteção de dados de França (CNIL) também anunciou esta semana uma multa de 325 milhões de euros à Google, desta vez por apresentar anúncios no Gmail sem o consentimento explícito dos utilizadores e por violar as regulamentações sobre cookies.