
A recente aposta da Mozilla na Inteligência Artificial, impulsionada pela visão do seu novo CEO, gerou uma onda de descontentamento junto de uma parte significativa da comunidade de utilizadores e defensores da privacidade. Em resposta a estas preocupações, a equipa de desenvolvimento do navegador veio a público esclarecer como estas ferramentas serão implementadas, garantindo que o controlo permanecerá do lado de quem navega.
Controlo total nas mãos do utilizador
Para acalmar os ânimos, o programador do Firefox, Jake Archibald, utilizou o Mastodon para abordar diretamente as dúvidas mais frequentes. A principal novidade é a confirmação de que o navegador incluirá um "kill switch" global para a IA — uma opção nas definições que permite desativar, de uma só vez, todas as funcionalidades relacionadas com inteligência artificial no browser.
Archibald explicou que, uma vez ativado este interrutor de desativação, todos os elementos visuais de IA serão removidos da interface e não voltarão a surgir, a menos que o utilizador decida reverter a ação manualmente. Além disso, foi reforçado que todas as futuras funcionalidades de IA funcionarão num modelo de "opt-in", ou seja, de adesão voluntária. Isto significa que os utilizadores não serão inscritos automaticamente nestes serviços por defeito.
O programador reconheceu que o conceito de "opt-in" pode ser subjetivo (por exemplo, se o simples aparecimento de um botão na barra de ferramentas conta como participação), mas sublinhou que a existência do interrutor global elimina qualquer ambiguidade, permitindo limpar o navegador destas funções.
A questão dos recursos e a concorrência
Apesar destes esclarecimentos ajudarem a mitigar os receios relacionados com a privacidade e a imposição de software indesejado, o debate na comunidade persiste noutra frente. Muitos utilizadores argumentam que o problema central não é apenas a possibilidade de desligar a IA, mas sim a alocação de recursos de desenvolvimento. A crítica reside no facto de a Mozilla estar a investir tempo e dinheiro em IA, quando muitos prefeririam ver esse esforço focado na melhoria da performance base do navegador e correções de bugs.
Esta polémica abriu espaço para que outros navegadores reafirmassem as suas posições. Concorrentes diretos, que também partilham a base de código do Firefox, aproveitaram o momento para se distanciarem desta estratégia. É o caso do Waterfox, que já veio a público rejeitar a integração forçada de IA, e do Vivaldi, que também manifestou oposição a estas tendências, posicionando-se como alternativas focadas no desempenho clássico e na privacidade sem "aditivos" de IA.