Apesar dos rápidos avanços da Huawei no mercado de semicondutores, impulsionados por tecnologias proprietárias em resposta às severas sanções dos Estados Unidos, o fundador da gigante chinesa deita um pouco de água na fervura. Ren Zhengfei considera que os EUA têm "exagerado" as capacidades reais da sua empresa, sublinhando que a Huawei ainda tem um longo caminho a percorrer para alcançar os líderes do setor.
Numa entrevista ao Diário do Povo, o jornal oficial do Partido Comunista, o executivo adotou um tom de humildade estratégica.
"Não há necessidade de se preocupar com o problema dos chips. Os Estados Unidos exageram as conquistas da Huawei. A Huawei ainda não é tão boa. Temos que trabalhar duro para chegar ao nível deles", afirmou Ren Zhengfei.
O desafio de alcançar os gigantes da indústria
O fundador da Huawei deixou claro que a empresa está plenamente ciente do desafio monumental que representa competir diretamente com gigantes como a Qualcomm, a Apple e a TSMC. A honestidade de Zhengfei estende-se ao reconhecimento das limitações tecnológicas atuais da sua própria empresa.
"O nosso único chip ainda está atrás dos EUA por uma geração", admitiu. Para compensar esta desvantagem, a Huawei recorre a abordagens inovadoras: "Usamos a matemática para complementar a física, a lei não-Moore para complementar a lei de Moore e a computação em cluster para desenvolver chips únicos". Segundo ele, estas estratégias permitem que os resultados "alcancem condições práticas", mas o caminho para a liderança ainda é longo.
A corrida dos 7 para os 5 nanómetros
Um dos grandes feitos recentes da Huawei foi a produção de processadores de 7 nanómetros, um marco alcançado através de técnicas avançadas de empilhamento de chips. No entanto, a meta da indústria já se moveu, e a empresa chinesa continua a sua perseguição para desenvolver e produzir os seus próprios chips de 5 nm de forma eficiente.
Para acelerar esta evolução, a estratégia de investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D) é clara. Ren Zhengfei garantiu que um terço de todas as despesas de investigação da Huawei é dedicado a estudos teóricos. A lógica é simples: "Sem teoria, não teremos avanços e não alcançaremos os Estados Unidos". O restante do orçamento é canalizado para o desenvolvimento de produtos comerciais.
Além dos processadores para telemóveis, a Huawei tem vindo a destacar-se na produção de GPUs otimizadas para Inteligência Artificial, um setor que representa outra grande preocupação para Washington e um novo campo de batalha na guerra tecnológica entre as duas superpotências.
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