
O governo do Reino Unido abandonou a sua exigência para que a Apple criasse uma ‘backdoor’ nos seus sistemas, uma medida que permitiria o acesso a dados encriptados dos utilizadores. A decisão surge após meses de tensão e uma intervenção direta da administração norte-americana.
A confirmação foi dada por Tulsi Gabbard, a Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, que publicou na rede social X que, em colaboração com o Presidente Trump e o Vice-Presidente Vance, chegou a um acordo com os parceiros britânicos. Segundo Gabbard, o Reino Unido "concordou em abandonar o seu mandato para que a Apple fornecesse uma 'backdoor' que teria permitido o acesso aos dados encriptados protegidos de cidadãos americanos e violado as nossas liberdades civis".
A lei da discórdia
A polémica começou no início deste ano, quando o governo britânico emitiu uma ordem secreta ao abrigo de uma emenda à sua Lei de Poderes Investigatórios de 2016. Esta legislação concede às autoridades o poder de obrigar empresas a entregar dados para investigações policiais e de serviços de inteligência.
A ordem secreta visava forçar a Apple a contornar a sua própria segurança, nomeadamente a encriptação ponto a ponto. A resposta da gigante tecnológica foi imediata, desativando no Reino Unido a funcionalidade de Proteção Avançada de Dados do iCloud, que reforça a encriptação e impede o acesso por parte de autoridades sem o dispositivo do utilizador. Na altura, a Apple reiterou a sua posição: "Nunca construímos uma ‘backdoor’ ou chave mestra para nenhum dos nossos produtos ou serviços e nunca o faremos".
Intervenção de Washington
A notícia da ordem britânica gerou uma forte reação nos EUA. De acordo com o The New York Times, um grupo bipartidário de legisladores norte-americanos instou a Diretora de Inteligência Nacional a tomar medidas contra o que classificaram como "um ciberataque estrangeiro travado por meios políticos".
Enquanto a pressão política aumentava, a Apple não ficou parada e apresentou uma queixa formal junto do Tribunal de Poderes Investigatórios do Reino Unido, um órgão que supervisiona a conduta de entidades públicas, na tentativa de reverter a ordem.
Esta vitória para a privacidade dos utilizadores representa um importante precedente na luta contra a criação de vulnerabilidades intencionais em sistemas seguros, um tema cada vez mais relevante no debate sobre segurança digital. A empresa de Cupertino ainda não emitiu uma declaração oficial sobre a decisão.










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