
A noite de 9 para 10 de setembro de 2025 ficará para a história do atual conflito na Ucrânia, marcando a primeira vez que um país membro da NATO abriu fogo para defender diretamente o seu território. Cerca de 19 drones russos, do tipo Shahed, violaram o espaço aéreo da Polónia, desencadeando uma resposta militar imediata e elevando a tensão na região a um novo patamar.
A noite em que o espaço aéreo da NATO foi violado
De acordo com as autoridades polacas, os drones entraram no país pelo lado leste, em simultâneo com uma ofensiva aérea russa contra várias cidades ucranianas. A resposta foi rápida e musculada. A Força Aérea polaca mobilizou caças F-16, que foram apoiados por uma força multinacional da NATO, incluindo caças F-35 holandeses, aviões de vigilância italianos e aeronaves de reabastecimento. A operação resultou na destruição da maioria dos drones ainda em espaço aéreo polaco.
A resposta política: Artigo 4 em ação
Face à gravidade do incidente, o governo polaco, liderado por Donald Tusk, convocou de imediato os seus aliados, invocando o Artigo 4 do Tratado do Atlântico Norte. Este artigo prevê a realização de consultas entre os países membros sempre que a integridade territorial, a independência política ou a segurança de um deles seja ameaçada. É importante notar que não foi ativado o Artigo 5, que implicaria uma resposta de defesa coletiva a um ataque armado.
Portugal já veio a público condenar "veementemente" a violação do espaço aéreo polaco. Por seu lado, a Rússia defendeu-se, afirmando que a entrada dos drones no país não foi intencional e que se deveu a problemas de interferência na navegação dos aparelhos.
Shahed-136: o drone iraniano no centro da polémica
O protagonista tecnológico deste incidente é o drone Shahed-136, de fabrico iraniano, que na Rússia é designado como Geranium-2. Este equipamento foi desenvolvido com o propósito de neutralizar alvos terrestres a longas distâncias, tendo as suas primeiras imagens sido divulgadas em dezembro de 2021.
Com 3,5 metros de comprimento e uma envergadura de 2,5 metros, este drone não descola de uma pista convencional. É lançado a partir de uma plataforma móvel, transportada por camiões, que pode disparar até cinco unidades de uma só vez. O Shahed-136 está equipado com um motor de 50 cavalos e pesa cerca de 2,5 kg (sem carga). Consegue atingir uma velocidade de 185 km/h e, segundo a fonte, tem um alcance que ronda os 40 quilómetros.
Um padrão de provocação
Este não é um caso isolado. Em agosto, um outro drone russo caiu e explodiu na região de Lublin, no leste da Polónia, causando danos em edifícios, embora sem vítimas. Incidentes semelhantes, envolvendo violações de espaço aéreo, já foram registados noutros países da NATO, como Roménia, Croácia, Letónia e Lituânia, e também na Moldávia, o que sugere uma estratégia russa de testar os limites e a capacidade de resposta da aliança. O abate dos drones sobre a Polónia, no entanto, representa um ponto de viragem, com a NATO a demonstrar que responderá militarmente a violações diretas do seu território.










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