
Um velho fantasma volta a assombrar a Western Digital (WD). A gigante do armazenamento iniciou uma investigação interna para apurar falhas de fiabilidade que estão a afetar algumas das suas unidades de discos rígidos das gamas Blue e Red, fabricadas por volta de 2020. Os modelos em causa, com capacidades entre 2 e 6 TB, podem estar a sofrer de um problema estrutural que coloca em risco os dados de milhões de utilizadores em todo o mundo.
O que se passa com os discos SMR da Western Digital?
O alerta foi dado por um relatório da Heise, que cita a empresa alemã 030 Datenrettung Berlin GmbH, especializada em recuperação de dados. A empresa fala de um "defeito fundamental" no design destes discos, que pode levar a uma taxa de falhas muito superior à média e, consequentemente, à perda permanente de informação.
O problema parece estar centrado na tecnologia de gravação magnética sobreposta (Shingled Magnetic Recording ou SMR). Este método permite aumentar a densidade dos discos em até 25%, empilhando as pistas de gravação como se fossem telhas. No entanto, o que se ganha em capacidade perde-se, por vezes, em desempenho e fiabilidade a longo prazo, uma vez que o processo de escrita de dados se torna mais complexo.
A tecnologia SMR: mais capacidade, mas a que custo?
A Western Digital já reconheceu a situação e emitiu um comunicado oficial onde afirma que "a confiança e a fiabilidade são os pilares de tudo o que fazemos". A empresa garante que "leva muito a sério os resultados publicados pela 030 Datenrettung, tendo iniciado uma investigação com as suas equipas de engenharia para entender o alcance e os detalhes dos relatórios".
A investigação interna já identificou que os discos afetados utilizam uma plataforma técnica conhecida como "VeniceR". Os modelos implicados incluem as séries WD0EZAZ, WD0EDAZ e WD*0EFAX, todos vendidos sob as linhas Blue e Red. A empresa esclareceu que os modelos da gama Purple não deverão ser afetados, por serem baseados numa arquitetura diferente.
Um escândalo que se repete e um legado em risco
Esta não é a primeira vez que a tecnologia SMR causa dores de cabeça à Western Digital. Em 2021, a empresa enfrentou uma ação judicial coletiva nos Estados Unidos por ter vendido discos com esta tecnologia sem informar devidamente os consumidores. O caso resultou num acordo que obrigou a WD a pagar uma compensação de 2,7 milhões de dólares (cerca de 2,5 milhões de euros).
Os especialistas alemães recomendam que os utilizadores com discos rígidos SMR de 2 a 6 TB, das gamas mencionadas, verifiquem o estado das suas unidades e realizem cópias de segurança imediatas para evitar a perda de dados. Embora estes modelos já não sejam fabricados, a Western Digital admite que ainda podem existir unidades à venda no mercado, especialmente em pequenos retalhistas, o que torna difícil avaliar a dimensão total do problema.
Numa era dominada pela velocidade e fiabilidade das unidades SSD, este novo escândalo pode não só obrigar a Western Digital a responder perante os seus clientes, mas também a repensar o seu legado técnico numa tecnologia que, embora engenhosa, parece ter chegado aos seus limites.











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