A Tesla e o seu CEO, Elon Musk, vieram a público negar veementemente uma notícia publicada recentemente pelo Wall Street Journal (WSJ). O artigo do jornal norte-americano alegava que o conselho de administração da fabricante de veículos elétricos estaria a ponderar seriamente a substituição de Musk do cargo de Diretor Executivo.
A resposta da empresa não tardou. Através da conta oficial da Tesla na rede social X (anteriormente Twitter), a presidente do conselho de administração, Robyn Denholm, emitiu um desmentido claro e direto na manhã de quinta-feira, rejeitando as alegações do WSJ. O próprio Elon Musk também reagiu na sua conta pessoal na mesma plataforma, classificando a peça jornalística como um "artigo deliberadamente falso".
O relatório do Wall Street Journal
Segundo a publicação, a preocupação no seio do conselho de administração teria levado os seus membros a encetar contactos com empresas especializadas em recrutamento (as chamadas "search firms"), com o objetivo de iniciar formalmente a procura por um novo líder para a Tesla.
Contexto de desafios para a Tesla
Independentemente da veracidade das alegações, a notícia surge num momento delicado para a gigante automóvel. Os resultados financeiros do primeiro trimestre não foram animadores, com uma quebra nas receitas e nos lucros. Além disso, as entregas de veículos também diminuíram em comparação com o ano anterior.
A juntar a este cenário, a Tesla perdeu recentemente o título de maior vendedora de veículos elétricos a nível mundial para a concorrente chinesa BYD. O desempenho das ações da empresa em bolsa também reflete este período menos positivo, com uma desvalorização notória desde o início do ano. O Wall Street Journal relaciona estas dificuldades, descritas como "vendas e lucros em deterioração", com a alegada preocupação manifestada pelo conselho de administração.
O fator Elon Musk: política e gestão do tempo
Para além dos números, a figura de Elon Musk tem estado no centro de atenções e, por vezes, de tensões. O seu envolvimento político tem vindo a intensificar-se, nomeadamente através do apoio a Donald Trump e da participação no designado Department of Government Efficiency (DOGE). Esta exposição política tem gerado reações negativas, especialmente em mercados como a Califórnia e algumas regiões da Europa, onde a Tesla gozava anteriormente de um forte apoio. O WSJ sugere uma ligação entre este fator e a quebra nas vendas nesses locais, notando que alguns clientes têm vindo a distanciar-se da imagem de Musk.
Outro ponto de debate é a gestão do tempo do CEO. Com responsabilidades na SpaceX, Neuralink e X, levantam-se questões sobre a capacidade de Musk dedicar a atenção necessária à Tesla. Investidores têm manifestado preocupação sobre se a empresa poderá estar a ser prejudicada por esta divisão de foco. Em resposta a estas inquietações, e à alegada pressão do conselho mencionada pelo WSJ, Musk afirmou durante a apresentação dos resultados do primeiro trimestre que iria alocar "muito mais do [seu] tempo à Tesla" a partir do mês seguinte, reduzindo o foco no seu trabalho governamental, que estaria agora a ser realizado remotamente.
Alegado mal-estar interno
O artigo do Wall Street Journal incluía ainda detalhes anedóticos que sugerem algum mal-estar interno. Um exemplo citado é o de um executivo que terá sido alegadamente forçado a sair após confidenciar a colegas que era mais difícil contratar talento devido às posições políticas de Musk e que a empresa beneficiaria com um CEO diferente. Fontes citadas pelo jornal indicaram também que, embora Musk participasse remotamente nas reuniões do conselho, por vezes necessitava de mais contexto ou informação sobre assuntos específicos da Tesla.
Apesar dos desmentidos oficiais, a notícia do Wall Street Journal e o contexto em que surge sublinham o escrutínio e a pressão que recaem atualmente sobre Elon Musk e o futuro da Tesla.
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