
No panorama da segurança e privacidade online, está a observar-se uma mudança de comportamento notável no Reino Unido. Perante a implementação de nova legislação, muitos utilizadores estão a explorar os servidores proxy como uma alternativa viável às populares redes VPN.
Um servidor proxy funciona como um intermediário entre o dispositivo de um utilizador e a internet, mascarando o endereço IP original. Esta capacidade permite contornar restrições geográficas, apresentando-se como uma solução face às novas regras impostas no país.
O que está a impulsionar esta mudança?
O catalisador para esta tendência é a controversa Lei da Segurança Online (Online Safety Act) do Reino Unido. A legislação exige que serviços regulados que disponibilizem conteúdos considerados prioritários, como pornografia comercial ou material sobre automutilação e suicídio, verifiquem a idade dos seus utilizadores britânicos antes de lhes concederem acesso.
Esta medida levou a um aumento na procura por ferramentas que permitam contornar estas verificações. A empresa Decodo, fornecedora de serviços de proxy, revelou dados internos que mostram um crescimento de 65% no número de utilizadores de proxy no Reino Unido, acompanhado por um aumento de 88% no tráfego. Embora os números não sejam tão explosivos como os registados para as VPNs, representam um aumento significativo.
VPN vs. Proxy: qual é a diferença?
À primeira vista, as VPNs e os servidores proxy podem parecer semelhantes, uma vez que ambos conseguem ocultar o endereço IP de um utilizador e ultrapassar georrestrições. No entanto, existem diferenças técnicas fundamentais:
VPN (Virtual Private Network): Depende de uma encriptação total do tráfego e utiliza um único túnel de acesso para toda a ligação do dispositivo.
Proxy: Permite um roteamento seletivo do tráfego, oferecendo mais controlo granular. Contudo, não fornece encriptação de ponta a ponta por defeito. Funções como o balanceamento de carga (load balancing) são também uma característica dos proxies inversos.
A perspetiva de um especialista
Gabriele Verbickaitė, gestora sénior de marketing de produto na Decodo, argumenta que a segurança não depende apenas da encriptação. "A verdadeira segurança depende de como o tráfego é encaminhado, do que é exposto e do nível de controlo que a empresa detém. Com os proxies, apenas o tráfego selecionado é encaminhado, dando às empresas um controlo mais apertado, uma menor superfície de ataque e uma melhor integração nas políticas de segurança existentes", afirmou ao The Register.
Verbickaitė defende ainda que "um proxy devidamente configurado, especialmente com suporte para o protocolo SOCKS5, pode oferecer uma segurança operacional mais robusta para as empresas do que a maioria das VPNs comerciais", explicando que os proxies SOCKS5 mascaram o caminho completo do tráfego sem alterar os cabeçalhos dos pacotes, o que reduz o risco de fugas de informação.
Uma tendência temporária ou uma nova realidade?
A Decodo acredita que este crescimento é "mais do que uma tendência temporária", sinalizando que as empresas estão a tomar decisões calculadas em resposta à incerteza crescente sobre o futuro dos serviços VPN no Reino Unido.
Apesar da preocupação, é altamente improvável que as VPNs se tornem ilegais no Reino Unido. No entanto, como os números demonstram, os utilizadores e as empresas estão a diversificar as suas opções e a reavaliar as suas estratégias de acesso online e operações de dados em resposta ao novo cenário legislativo.










Nenhum comentário
Seja o primeiro!