
Parece que a moda dos puxadores de porta retráteis, um elemento de design cada vez mais comum, especialmente em carros elétricos, pode estar com os dias contados no maior mercado automóvel do mundo. A China está a preparar-se para proibir a sua utilização a partir de julho de 2027, citando preocupações sérias com a segurança, a fiabilidade e benefícios práticos quase nulos.
A informação foi avançada por um responsável de uma construtora automóvel ao Mingjing Pro, que revelou que os regulamentos futuros irão permitir apenas puxadores tradicionais ou semi-ocultos. A decisão surge após uma análise detalhada que levanta sérias questões sobre a eficácia destes componentes em situações de emergência.
A segurança em primeiro lugar
O principal motivo por detrás desta potencial proibição é a segurança. Segundo dados do C-IASI (China Insurance Automotive Safety Index), em testes de colisão lateral, os puxadores de porta totalmente retráteis, que dependem de sistemas eletrónicos, permitiram a abertura das portas em apenas 67% das vezes. Em contrapartida, os puxadores mecânicos tradicionais funcionaram em 98% dos casos.
Esta diferença de mais de 30 pontos percentuais é crítica, pois pode significar a diferença entre a vida e a morte num acidente grave, onde cada segundo conta para a saída dos ocupantes ou para a intervenção das equipas de socorro.
O mito da aerodinâmica e os custos elevados
Um dos grandes argumentos dos fabricantes para a adoção destes puxadores tem sido a melhoria da aerodinâmica, um fator crucial para aumentar a autonomia dos veículos elétricos. No entanto, os benefícios parecem ser marginais. Um estudo da Sociedade de Engenheiros de Automóveis (SAE) concluiu que a redução no coeficiente de resistência aerodinâmica (Cx) se situa entre 0,005 e 0,01, muito abaixo dos 0,03 anunciados por algumas marcas. Na prática, este ganho traduz-se em apenas 2 a 3 quilómetros de autonomia extra.
Para além dos fracos benefícios, estes sistemas são consideravelmente mais complexos e dispendiosos, custando até três vezes mais do que um puxador convencional. A sua complexidade resulta também numa maior taxa de avarias, que pode ser até oito vezes superior. São ainda conhecidos os problemas de funcionamento em condições de frio extremo, onde o gelo pode impedir a sua abertura.
O que se segue?
As discussões sobre esta nova regulamentação deverão ser concluídas ainda durante este mês. Após a sua aprovação, haverá um período de transição de um ano para que os fabricantes se possam adaptar. Se tudo se confirmar, a medida entrará em vigor a partir de julho de 2027, marcando o possível fim de uma tendência de design em prol da segurança e da funcionalidade.










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