Portugal esteve na mira de uma campanha de desinformação com origem na Rússia durante o mês de agosto, que utilizou os incêndios florestais como tema central para espalhar narrativas falsas. A conclusão consta no mais recente relatório mensal do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO), que monitoriza a disseminação de notícias falsas no espaço europeu.
O engano dos aviões russos
A principal narrativa detetada visava retratar a Rússia como uma "potência benevolente". Foi disseminada a alegação de que Portugal teria solicitado o envio de aviões anfíbios à Federação Russa para auxiliar no combate aos incêndios, um pedido que, a ser verdadeiro, violaria as sanções impostas pela União Europeia a Moscovo.
Esta informação, impulsionada por figuras como o eurodeputado grego Nikolas Farantouris, foi prontamente desmentida. A mesma tática foi utilizada na Grécia, com o objetivo de criar uma imagem positiva do regime russo em momentos de crise.
Um problema à escala europeia
O caso português não é isolado. O relatório do EDMO, que resulta da análise de 1.441 artigos intercetados por 33 organizações de verificação de factos, revela que as alterações climáticas foram o tema mais explorado pela desinformação em agosto, representando 9% do total de notícias falsas.
Outros temas em destaque incluem a guerra na Ucrânia (7%), a União Europeia (6%) e o conflito entre Israel e o Hamas (5%). A recente cimeira entre Vladimir Putin e Donald Trump serviu também de pretexto para ridicularizar a UE e retratar os seus membros como "belicistas", uma imagem reforçada por narrativas falsas de propaganda russa.
A tecnologia como arma de desinformação
A tecnologia, nomeadamente a Inteligência Artificial (IA), desempenha um papel cada vez mais relevante nestas campanhas. Cerca de 10% do conteúdo falso verificado em agosto utilizava material gerado por IA.
Mais preocupante, o relatório do EDMO deixa um alerta: há uma tendência crescente de utilizadores que recorrem a modelos de IA para tentar verificar informações, um método que pode ser pouco fiável e que, ironicamente, contribui para a disseminação de ainda mais desinformação.
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