
As gigantes da procura de emprego, Indeed e Glassdoor, preparam-se para uma significativa redução de pessoal, eliminando cerca de 1.300 postos de trabalho. A reestruturação parece estar diretamente ligada a uma aposta reforçada em Inteligência Artificial, que está a moldar o futuro das duas empresas.
Uma reestruturação focada na IA
As duas plataformas, detidas pela empresa japonesa Recruit Holdings Co., anunciaram que os cortes afetarão principalmente os departamentos de investigação e desenvolvimento (I&D) e de recursos humanos e sustentabilidade. A mudança traz também alterações na liderança, com a saída do CEO da Glassdoor, Christian Sutherland-Wong.
Num memorando interno que anuncia os despedimentos, o Presidente e CEO da Recruit Holdings, Hisayuki "Deko" Idekoba, não forneceu motivos específicos para a consolidação, mas deixou clara a direção estratégica. "A IA está a mudar o mundo, e temos de nos adaptar, garantindo que o nosso produto oferece experiências verdadeiramente fantásticas", escreveu. "Cumprir esta ambição exige que nos movamos mais depressa, experimentemos coisas novas e corrijamos o que não está a funcionar."
A visão do CEO e a ironia da mudança
Hisayuki Idekoba é um conhecido defensor da utilização da Inteligência Artificial nos processos de recrutamento. "A contratação ainda é demasiado lenta e difícil, e estamos a usar a IA para a tornar mais simples e pessoal — tanto para quem procura emprego como para os empregadores", afirmou no mês passado, ao assumir o cargo de CEO do Indeed.
A situação torna-se irónica quando se olha para o seu antecessor, Chris Hyams. Este deixou a liderança do Indeed precisamente para se dedicar às "questões urgentes" no desenvolvimento de ferramentas de IA responsáveis, um desafio que agora parece justificar uma vaga de despedimentos na sua antiga empresa, segundo avança a Bloomberg.