Numa altura em que o debate sobre a Inteligência Artificial se foca maioritariamente nos empregos de escritório que podem desaparecer, o CEO da empresa que está no epicentro desta revolução—a NVIDIA—oferece uma visão radicalmente diferente. Jensen Huang acredita que os grandes vencedores da era da IA serão, ironicamente, os profissionais de ofícios tradicionais.
A previsão surpreendente de Jensen Huang
A previsão foi feita durante uma entrevista ao Channel 4 News. Huang foi direto ao assunto: "Os milionários do futuro serão eletricistas ou canalizadores."
A lógica do CEO da NVIDIA baseia-se num desequilíbrio claro do mercado de trabalho atual: existe um excesso de licenciados universitários, contrastando com uma "carência crítica" de mão de obra qualificada em áreas como a construção civil, carpintaria, eletricidade ou canalização. Segundo Huang, esta escassez já está a valorizar significativamente estes trabalhos, cujas remunerações poderão "duplicar a curto prazo".
A IA precisa de fábricas (e de quem as construa)
Mas qual é a ligação entre a IA e um canalizador? A infraestrutura. Jensen Huang explicou que estas profissões são absolutamente vitais para construir e manter a base física que suporta a IA: os gigantescos centros de dados.
"Seja eletricista, canalizador ou carpinteiro, vamos precisar de centenas de milhares deles para construir todas estas fábricas [de IA]", sublinhou o CEO.
Esta visão é partilhada por outros gigantes. Um relatório da McKinsey estima que o investimento global em centros de dados atinja os 7 biliões de dólares até 2030. O grande problema, tal como acontece numa simples remodelação de uma casa de banho, é que a falta de trabalhadores qualificados pode atrasar significativamente os prazos de construção.
O verdadeiro risco pode estar nos escritórios
Huang destacou ainda outra vantagem clara dos ofícios tradicionais: estão muito menos expostos à automação por IA do que os empregos de "colarinho branco".
"Neste momento, a IA não tem qualquer hipótese de fazer o que nós [humanos em tarefas físicas] fazemos", afirmou o executivo numa conferência em Mumbai.
Em contrapartida, funções administrativas ou com rotinas repetitivas são altamente suscetíveis de serem automatizadas. Este fenómeno já se começa a notar em grandes consultoras, onde a IA está a substituir recém-licenciados em tarefas básicas, como a elaboração de relatórios ou a assistência à programação.
No final de contas, um chatbot (ainda) não consegue reparar uma avaria na instalação elétrica lá de casa.
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