A GameStop anunciou esta quarta-feira a aquisição de 4.710 bitcoins, um investimento avaliado em mais de 500 milhões de dólares (aproximadamente 470 milhões de euros à data da compra). Esta jogada sinaliza uma aposta significativa da empresa no universo das criptomoedas.
GameStop procura novo rumo em maré de dificuldades
A conhecida cadeia de retalho de videojogos tem enfrentado desafios para manter a sua relevância numa era dominada pelas compras digitais de jogos. A empresa ganhou também uma notoriedade inesperada em 2021, quando se viu no centro de um fenómeno de short squeeze, impulsionado em parte pela comunidade r/WallStreetBets do Reddit.
Apesar de as suas ações permanecerem algo inflacionadas desde esse período, a GameStop continua a reportar quebras anuais nas vendas líquidas. Numa tentativa de reforçar a sua saúde financeira, a empresa já tinha comunicado aos investidores em março a intenção de atualizar a sua política de investimento, passando a incluir bitcoin como ativo de reserva. A notícia desta quarta-feira materializa essa promessa. As ações da GameStop, no entanto, ressentiram-se após cada anúncio relacionado com criptomoedas, refletindo possivelmente as preocupações dos investidores com a histórica volatilidade destes ativos.
A viragem pró-cripto da administração Trump nos EUA
Este recente interesse da GameStop na bitcoin poderá não ser um caso isolado. Nos Estados Unidos, o cenário regulatório para as criptomoedas parece estar a mudar. Durante a administração do anterior presidente, Joe Biden, o governo norte-americano adotou uma postura mais rigorosa sobre a indústria cripto, citando preocupações com fraude e corrupção.
Contudo, a atual administração Trump parece ter invertido o rumo, estando a estabelecer uma Reserva Estratégica de Bitcoin. A empresa de media de Trump também revelou planos para angariar 2,5 mil milhões de dólares destinados à compra de bitcoin. Trump chegou mesmo a convidar os maiores detentores da sua memecoin – uma criptomoeda volátil cujo valor não está indexado a nenhum ativo real, dependendo antes dos caprichos de certas comunidades online – para um jantar privado na Casa Branca.
Controvérsia e preocupações com a integridade do mercado
O crescente envolvimento de Trump e da sua família com o universo das criptomoedas tem levantado preocupações entre os seus opositores, que alertam para a possibilidade de manipulação do mercado cripto para benefício financeiro pessoal. Em resposta ao aumento do investimento de Trump em criptoativos, os senadores democratas Chuck Schumer e Jeff Merkley, juntamente com outros 17 colegas, apresentaram a proposta de lei “End Crypto Corruption Act” (Fim à Corrupção Cripto).
Num comunicado de imprensa, o senador Merkley afirmou: “Atualmente, pessoas que desejam cultivar influência junto do presidente podem enriquecê-lo pessoalmente comprando criptomoedas que ele possui ou controla. Este é um esquema profundamente corrupto. Põe em perigo a nossa segurança nacional e mina a confiança pública no governo.” Contudo, sem apoio bipartidário, é improvável que estas iniciativas para mitigar os investimentos cripto eticamente questionáveis de Trump ganhem tração.
Bitcoin em alta e a adesão empresarial
Com um aparente maior apoio do governo dos EUA, o preço da bitcoin registou subidas expressivas em maio, ultrapassando a marca dos 110.000 dólares, depois de ter recuado para cerca de 75.000 dólares em abril (valores do texto original). Grandes empresas como a Tesla, Coinbase e Block já tinham realizado aquisições avultadas de bitcoin como forma de diversificar e aumentar os seus ativos, cada uma delas detendo mais de mil milhões de dólares em bitcoin.
Com esta compra massiva, a GameStop segue agora os passos destas gigantes tecnológicas, apostando também no potencial da principal criptomoeda do mercado.
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