
As maiores empresas do mundo parecem estar a emagrecer a sua força de trabalho a um ritmo alarmante. Nas últimas semanas, a Amazon anunciou que vai cortar 14.000 postos de trabalho, a Paramount rescindiu com 1.000 pessoas, a Target despediu 1.800 funcionários e a UPS iniciou um processo que visa eliminar 48.000 trabalhadores, começando com uma primeira vaga de 14.000. Até a Meta dispensou cerca de 600 pessoas do seu laboratório de Inteligência Artificial. Todos estes movimentos acontecem enquanto entramos numa economia de “crescimento sem emprego”, um mundo onde as empresas não contratam, mas os seus lucros continuam a subir.
Como aponta o Wall Street Journal, muitos dos empregos afetados atualmente são os chamados ‘white collar’: trabalho de escritório que oferece um estilo de vida relativamente confortável e, tipicamente, espaço para progressão na carreira. No entanto, o mercado de trabalho parece estar estagnado num modo de “não contratar, não despedir” – exceto para quem é apanhado na mira dos cortes para impulsionar os resultados financeiros trimestrais. Ninguém entra, ninguém sobe e poucos procuram novas oportunidades.
A escada foi puxada para as novas gerações
À medida que estes empregos desaparecem, o caminho que antes representava uma via para o sucesso profissional tem agora uma porta de entrada mais pequena e um teto muito mais baixo. As ofertas para cargos de nível inicial e para recém-licenciados diminuíram drasticamente em comparação com o ano passado. O mercado parece ter "puxado a escada" para quem tenta entrar nos primeiros degraus, e a perspetiva de subir também se torna mais assustadora.
Um relatório recente do Banco da Reserva Federal da Filadélfia revelou que a exposição à IA é três vezes maior para profissões que exigem uma licenciatura em comparação com as que não exigem.
A aposta na IA pode ser um tiro ao lado
A ideia nos gabinetes de topo é, quase de certeza, que a automação será capaz de preencher estas lacunas, embora haja poucas evidências de que isso vá acontecer na prática. De acordo com um estudo do Center for AI Safety, os agentes de IA conseguiram completar apenas cerca de 3% do trabalho que lhes foi atribuído, tarefas que os humanos realizam de forma fiável.
Perante isto, não é surpresa que um relatório da empresa de investigação Forrester tenha concluído que mais de metade dos empregadores que despediram trabalhadores para os substituir por IA se arrependem da decisão.
No entanto, as empresas provavelmente sairão a ganhar na mesma. O mesmo relatório previu que essas empresas voltariam a contratar mão de obra humana, mas com salários mais baixos e, potencialmente, subcontratando funções a trabalhadores no estrangeiro, criando um cenário de precarização para o futuro do trabalho de escritório.











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